Viver bem sem depender de um relacionamento amoroso tem sido uma escolha cada vez mais comum entre mulheres que buscam bem-estar e autoconhecimento. A tendência “boy sober” ou “sobriedade de homem” reflete essa decisão de se distanciar do envolvimento romântico com homens, especialmente após decepções repetidas e relacionamentos desgastantes.
Ao invés de focar em encontrar ou manter uma parceria, a proposta é direcionar a energia para o próprio crescimento. Como explica a psicóloga e pesquisadora Lígia Baruch, ao Terra, o movimento se caracteriza por uma “desintoxicação amorosa” e representa uma alternativa ao modelo tradicional de relacionamentos, que muitas vezes coloca o homem como centro da vida feminina. “Estamos passando por um momento de reformulação dos modelos tradicionais“, comenta Lígia, explicando que o antigo ideal de “homem provedor e mulher cuidadora” já não atende às expectativas de muitas mulheres que, hoje, priorizam seu próprio bem-estar.
A busca pelo equilíbrio e pelo autoconhecimento tem sido um dos principais motivadores desse movimento, com mulheres relatando um desejo de viver de forma plena sem dependência emocional. “Decidi pelo ‘boy sober’ porque perco muito tempo na caça, no envolvimento e nas frustrações amorosas. Quero que minha energia esteja focada em mim“, é uma das reflexões que sustentam essa prática. Outras ainda percebem que, para viver uma relação saudável, é preciso, primeiro, estabelecer uma conexão positiva consigo mesmas: “Este tempo de sobriedade é para que eu possa criar uma relação comigo, com meu corpo, com meus desejos.”
Esse “detox amoroso” representa mais do que uma escolha prática – é uma atitude de amadurecimento. “É entender que nós mulheres somos inteiras“, enfatiza uma das adeptas, desafiando a ideia de que a felicidade feminina está necessariamente atrelada à presença de um parceiro. Nesse sentido, a “sobriedade de homem” não se trata de renegar o amor, mas sim de encontrar uma felicidade autônoma, baseada no autocuidado e no fortalecimento emocional.
Para Lígia, o amor continua sendo essencial para a existência humana, mas a qualidade desse amor é que faz toda a diferença. “É importante lembrar que, mais do que sinais, ao se relacionar com alguém, as pessoas devem reparar se o parceiro é emocionalmente ético e emocionalmente responsável“. A escolha de viver sem um relacionamento, para muitas, é uma forma de se preparar para um possível futuro amoroso mais saudável e equilibrado.
A percepção de que o amor romântico não é essencial para o bem-estar feminino permite que cada vez mais mulheres priorizem a construção de uma vida plena, provando que é possível viver bem sem depender de um relacionamento.