Na entrevista ao programa “Fantástico” deste domingo (8), a cantora Preta Gil compartilhou com o público detalhes sobre seu tratamento contra o câncer colorretal. Preta revelou que, como parte do tratamento, precisou passar por uma cirurgia de amputação do reto, realizada há um ano. A artista aproveitou a oportunidade para desmistificar a operação e abrir o diálogo sobre a doença.
“Eu não tenho mais o reto […]. Tudo nessa doença é um grande tabu. Eu amputei o reto e não posso ter vergonha, porque é a minha realidade”, declarou Preta durante a entrevista. Ela destacou que o procedimento foi uma etapa importante em sua batalha contra o câncer diagnosticado em 2023.
O reto é a parte final do intestino grosso, responsável pela formação e eliminação das fezes. No caso de Preta, os médicos conseguiram preservar o esfíncter — o anel muscular que mantém o ânus fechado — o que foi um grande alívio para a cantora. “Meu maior temor era a possibilidade de ter que amputar o esfíncter”, contou ela. O cirurgião Samuel Aguiar, do A. C. Camargo Cancer Center, confirmou que, atualmente, “a preservação do esfíncter é a cirurgia mais comum.”
O que é a cirurgia de amputação do reto?
A cirurgia de amputação do reto é realizada para remover completamente essa parte do intestino grosso, especialmente quando o câncer está localizado muito próximo ao ânus. Em alguns casos, é necessário também fechar o ânus permanentemente e criar uma colostomia, que permite a evacuação das fezes por meio de uma bolsa acoplada ao abdômen.
“Na maioria dos casos, conseguimos preservar o ânus, e o paciente não precisa ficar com a colostomia em definitivo”, explica Romulo Almeida, coordenador da Coloproctologia do Hospital Sírio-Libanês. Esse procedimento é indicado quando o tumor não responde adequadamente à quimioterapia e radioterapia.
Riscos e recuperação
Como qualquer cirurgia, a amputação do reto apresenta riscos. Entre as complicações mais comuns estão infecções na área da incisão e a chamada Síndrome Pós-Ressecção (LARS), que pode causar incontinência para fezes e gases. “A complicação mais comum é infecção, principalmente do corte da incisão da região do períneo ao redor do ânus, porque é uma área já contaminada”, detalha o cirurgião Samuel Aguiar.
Apesar dos riscos, o avanço das técnicas cirúrgicas, como o uso de videolaparoscopia e robótica, tem contribuído para uma recuperação mais rápida. “O paciente geralmente se recupera bem e pode voltar ao trabalho com boa qualidade de vida”, acrescenta Romulo Almeida. A cirurgia dura entre duas e três horas, e a recuperação total pode levar alguns meses, dependendo do quadro de cada paciente.
Preta Gil continua seu tratamento e destacou que enfrenta a situação de forma transparente, sem esconder as dificuldades. “Eu não posso ter vergonha, porque é a minha realidade”, reforçou a cantora, inspirando outros pacientes a lidar com o câncer de forma aberta e sem tabus.