Essa semana recebi um áudio de uma grande amiga. Ela respondia a um convite dizendo que fazia questão de viajar mais de 200 km para me encontrar e me dar um abraço de feliz aniversário. E complementava: “às vezes a gente precisa de um pretexto para ir, porque a vida vai rolando, vai acontecendo uma coisa, outra… a gente vai adiando, e quando tem uma ocasião importante, a gente dá um jeitinho e vai”. Me lembrou o texto “Vá aos Encontros Felizes”, da escritora Monica Moro Harger, outra amiga que admiro demais.
Demorei a aprender que há pessoas que fazem questão; pessoas que “tanto faz” e pessoas que simplesmente não se importam. Demorei a aprender a diferenciar essas pessoas e a distinguir a real importância que deveria dar a cada uma delas. Demorei a descobrir que todas elas podem fazer parte da minha vida; porém, em prateleiras diferentes.
Se você gosta de alguém, você investe nessa pessoa. Não é preciso gestos exagerados, mas ter a mínima noção de reciprocidade já é meio caminho andado. Se alguém que você ama te prioriza, em algum momento você terá que prioriza-la também. Se alguém que você valoriza te presenteia, em alguma oportunidade você deveria presenteá-la também. Se alguém que é importante para você faz de tudo para estar por perto – driblando falta de tempo, grana apertada e distância – uma hora você terá que se esforçar e até se sacrificar para estar com ela também. Não é difícil. Porém, muitas pessoas acham complicado. E em vez de investir, só esperam receber.
Pessoas falham, cometem erros, machucam umas às outras sem querer machucar. Um dia você vai decepcionar alguém porque não soube ser quem ela esperava que você fosse, e você vai sofrer porque não queria magoa-la. Faz parte, e está tudo bem. Um dia somos quem fere, outro dia somos os feridos. Porém, é preciso aprender a distinguir um descuido de um comportamento recorrente. Algumas pessoas simplesmente não se importam, e você precisa aprender a se proteger e se resguardar. Algumas pessoas não gostam de você, e sim da utilidade que você tem para elas. É triste, mas real.
Andei tirando algumas pessoas da minha vida. Não por maldade, e sim por proteção e economia de energia. Nem todo mundo torce por nós, nem todo mundo investe no relacionamento que tem conosco da forma que esperamos e acreditamos que merecemos. É preciso desocupar o coração para acolher o que é recíproco e verdadeiro.
Já dei meu coração e minha confiança de bandeja a tanta gente que não merecia, que enfim aprendi. A gente amadurece. E aprende que bom mesmo é estar rodeado de pessoas que fazem questão da gente. Pessoas que ficam porque querem ficar; que vêm porque querer vir, que investem porque adoram ver a gente feliz.