Ei, moça, preste atenção!

O amor é um ato único, sem muito ensaio e, definitivamente, não é um monólogo. Amor é uma casa que se constrói junto, todo dia, o tempo todo.

O amor é um contrato de paciência, resiliência e aceitação. Paciência para entender as mazelas do outro; resiliência para se adaptar ao outro e aceitação para anuir o outro, sem necessariamente concordar com ele.

O amor é um castelo na areia. Todo santo dia precisa de reparo ou vai virar lembrança na beira do mar, levado pela correnteza do orgulho.

O amor precisa de ajustes. Um ponto aqui, outro ali, joga fora, acrescenta isso, esquece aquilo e por aí vai.

Amar é um jogo que se joga junto e que se ganha junto. Se alguém perde a partida, todos perdem. É menos um amor bonito no mundo.

O amor é puro compartilhamento. Na era da tecnologia, essa frase nunca foi tão verdadeira. O amor é compartilhar dores, desilusões e medos, muito mais do que alegrias.

Vamos e venhamos, compartilhar alegria é fácil. Quero ver segurar no peito a bolada da tristeza, ser porto, ser barco, ser calmaria.

Amar é levantar o outro. É ser sol na tempestade do outro. É ser luz na escuridão do outro. Amar é sobre o outro, mais do que sobre você.

O amor requer o pacote completo, com as feridas, as mágoas, os traumas, o pedaço bom, a comida preferida, o lado certo da cama, cachorro, gato e papagaio.

E a parte ruim todo mundo joga pra debaixo do tapete, quando deveria colocar no colo. Afagar a sombra do outro, aceitando que não somos apenas luz.

“Tudo bem, amor, estou aqui, vai ficar tudo bem. Vem cá, deita aqui. Está tudo bem. Vai ficar tudo bem. Estou aqui”.

Amar é estar.

O amor é um sim que se diz toda noite e a promessa de um bom dia. O amor é pé entrelaçado, encaixado. Braços dados no luto. Cabelos que descansam nas mãos.

O amor é um resgate daquilo que temos de melhor para oferecer. O amor é um pedido de socorro para que alguém aceite nossa dor, nos carregue nos braços e nos faça dormir no compasso de um abraço.

Amor é doação.

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Photo by Jakob Owens on Unsplash



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Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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