Nem todas as pessoas imaginam que depois de se aposentar, depois de uma vida inteira trabalhando, surgirão novos desafios que as obrigarão a sair da zona de conforto. E nunca é tarde para aprender coisas novas!
Essa situação é muito bem conhecida por Hélio Haus, um homem de 80 anos que decidiu que não queria viver sua aposentadoria descansando ou trabalhando em empregos que o deixassem parado. Em vez disso, ele queria algo a mais.
Por isso, Hélio começou a se sentir atraído pelo balé, estilo de dança que sempre quis fazer, mas nunca teve oportunidades ou tempo para praticar.
Ele nunca pensou que suas primeiras aulas de dança seriam depois de se aposentar. Mas ele aceitou a situação com alegria e motivação. “Eu me sinto vivo, atuante, fazendo alguma coisa que eu sempre quis fazer. É um pouco tarde, sim, mas não tarde demais.”
Para isso, nos dias de treino, Hélio chega a uma academia no Rio de Janeiro às 9 horas da manhã e se prepara para vestir seu traje típico de bailarino: meia-calça e sapatilha, para fazer 5 aulas por dia.
Hélio divide aula com outros 7 alunos, algo que, segundo ele, o mantém ativo e também permite que ele se socialize mais. Isso é muito importante em seu cotidiano, pois ele não tem filhos ou netos.
Ele começou a frequentar as aulas de balé aos 75 anos, algo que lhe ajudou tanto na sua saúde mental quanto corporal. “Eu não quero ser refém de consultório, eu não acho engraçado nenhum tipo de remédio, doença, nada”, diz ele. “Eu quero ter saúde, e isso pra mim também é saúde.”
Recentemente, ele se tornou conhecido nas redes sociais depois que um de seus professores tirou uma foto dele e a postou no Facebook. Assim, ele recebe diariamente mensagens de apoio pela web.
“Ele nem viu que eu tirei essa foto, não foi planejada e ficou muito bonita, expressiva. De repente, me deparei com uma publicação de muito amor, as pessoas muito inspiradas. Foi uma coisa louca, inspiradora. Eu li vários comentários, porque ele não tem Facebook, e escolas de dança do Brasil inteiro mandaram um beijo, disseram que ele era uma inspiração.”, explicou Camile Salles, uma das instrutoras de dança.
O senhor conta que sempre se interessou pelo balé, mas que por vários motivos nunca o praticou. “A gente não chega um belo dia, acorda e diz: ‘Vou fazer balé’. Tem uma história. Eu sempre gostei, sempre frequentava o Theatro Municipal. Mas não tinha coragem, a vida biológica e a emocional não andam juntas. Tive que fazer minha vida e quando adquiri estabilidade disse: ‘É agora’. ”
Agora, Hélio trabalha semanalmente para aperfeiçoar sua técnica e habilidade. Ele também justifica a quantidade de aulas que faz por semana: “Tem que fazer bem feito, a repetição dá o resultado de tudo. Balé é a busca do movimento perfeito, da harmonia. Tem que ter muita dedicação”. Mas, com certeza, existe muita paixão envolvida!
Com informações de G1
Foto de capa: Andressa Gonçalves/G1