Algumas vezes a vida nos devora. Sem pedir licença, sem muita cerimônia, ela nos engole. Não há avisos, pista alguma, nenhuma anestesia. A existência nos pega de surpresa e, quando nos damos conta, percebemos que não adianta muito querer controlar ou escolher, a vida tem seu próprio roteiro, e basta estar vivo para estar sujeito ao caos.
Temos a tendência de acreditar que estamos no controle, dominando nossos rumos, determinando com precisão o que acontecerá no dia seguinte, na próxima semana, no ano que vem. Nos foi dado o livre arbítrio, e acreditamos que isso bastaria. Mas a vida é aprendizagem, e se pudéssemos controlar, assinar e autenticar todos os contratos, que evolução teríamos?
Nem sempre a vida pega leve. Nesses momentos, só nos resta fechar as persianas do quarto e da alma, silenciar os pensamentos e esperar a tempestade passar. Insistir em brigar com a vida, recusando-se a aceitar o inevitável, rejeitando o que não tem remédio, lutando contra o tempo e o espelho, ou debatendo-se sem sair do lugar é perda de tempo, até mesmo estupidez. Dê um tempo, durma um pouco, saia de cena, silencie e respire…
Às vezes tudo o que a gente precisa é que a vida nos anestesie por alguns instantes, que o tempo pause e a gente se pegue no colo. De vez em quando tudo o que a gente quer é que o mundo faça silêncio, para que possamos nos ouvir com perdão e amor. Às vezes fica tudo tão confuso e caótico aqui dentro que a gente só precisa se insensibilizar um pouco, para que a autotolerância venha à tona e promova a analgesia de nossas culpas e arrependimentos. Só assim poderemos brindar aos recomeços…
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Quando isso acontece, costumo correr para os pés de Cristo onde descanso a cabeça cansada sobre suas velhas sandálias empoeiradas,a fim de descansar e adormecer um pouco. Quando acordo, já recebi o seu milagre de enxergar onde eu não via e de caminhar onde não podia, porque ressuscitei de todas as mortes wue trazia.