Perdoar os erros pode ser extremamente difícil porque, muitas vezes, sofremos decepções que mexem com os nossos sentimentos mais profundos.
Acreditar em algumas pessoas e sermos traídos por elas, que mentem, usam da intimidade, do conhecimento sobre nós para manipular informações que afetam os nossos comportamentos…
Mas um dia tudo vem à tona e, muitas vezes, parece que caímos de um prédio muito alto e a queda machuca muito, dói. Ficamos com a cabeça girando, perdidos, sem chão, quebrados, pensando que fomos errados por acreditar, confiar, investir tão alto.
Há um desmoronamento de tudo ao nosso redor e nos vem a sensação de que não vamos suportar, não vamos conseguir vencer esse mal que tomou conta de nós.
Sentimos angústias, medo, raiva, tristeza. Ficamos enfraquecidos, descontentes, muito tristes com aquele que brincou com nossos sentimentos.
Pensamos como fizemos tudo com afeto, amor, mas mesmo assim acreditamos que algo está errado conosco. E, nos primeiros momentos, não conseguimos entender que foi a outra pessoa que não foi madura suficiente para lidar com o relacionamento, as questões da vida, conversar, acertar pontos, dialogar, mostrar talvez insatisfações, ter oportunidade de manter uma parceria na troca, no crescimento verdadeiro, melhorar a estrutura da relação, ficar mais feliz pelo que vivemos.
Essas pessoas não crescem no amor e, por vezes, fazem como muitas pessoas que crescem em idade, mas não evoluem em mentalidade, em sentimentos, em maturidade emocional, e saem por aí sofrendo e fazendo todos sofrerem.
Mas, quando começamos a ter melhor entendimento de tudo, ou pelo menos procuramos ter, entendemos, com o passar do tempo, que tudo vem para nos ajudar, para nos proporcionar crescimento, fazendo-nos entender que precisávamos modificar a nossa vida, que estávamos fazendo esforços demasiados para que tudo ficasse bom, bem e que a coisa mais fundamental é a reciprocidade, mas que precisamos também aprender a perdoar e a transformar o mal em um bem maior!
Encontrando a solução
Entendemos que uma relação não é composta de uma pessoa só, que precisamos fazer a nossa parte, precisamos aprender a perdoar, mas que o outro também necessita fazer a sua parte, querer evoluir, querer plantar amor, multiplicar os bons sentimentos, e quando não estiver muito bom, que ambos os envolvidos tenham coragem para, com paz, vontade e disposição, encontrar juntos uma solução.
Que não haja acusações, críticas, julgamentos. Quando existe amor, existe a busca pela paz, querer resolver com soluções de entendimento, gentileza, respeito às diferenças, com entendimento de que cada um tem sua possibilidade e limitação, mas que querem juntos ultrapassar, vencer, no verdadeiro amor, qualquer barreira.
Então os corações se enchem de boa vontade, disposição em perdoar, damos as mãos e começamos uma nova etapa, livres de julgamentos, de acusações, sendo gentis, amáveis com os erros alheios. Sabendo que quando o outro nos faz mal, nos causa dor, sofrimento, antes de tudo ele é o próprio mal, encontra-se infeliz, insatisfeito, na sombra, e tudo o que consegue produzir é um reflexo de si mesmo, de suas feridas, das quais muitas vezes não se dá conta.
Quem também já consegue vislumbrar novos horizontes não se limita aos momentos que está vivendo, entende que a vida é muito mais ampla, que ela está sempre querendo nos ensinar algo, que ela nos envia uma mensagem muito mais profunda do que conseguimos enxergar com a nossa pequenez de sentimentos tão humanos.
Chico Xavier nos elucida ainda mais, dizendo:
“A melhor maneira de aprender a desculpar os erros alheios é reconhecer que também somos humanos, capazes de errar talvez ainda mais desastradamente que os outros.”
Foto de Anastasia Sklyar em Unsplash