A gente pode saber todas as rezas. A gente pode entender toda religião, filosofia, psicologia. A gente pode aconselhar todo mundo. Porém, quando a tempestade cai sobre nossas cabeças, é diferente, afinal, fácil é resolver os problemas dos outros, simplesmente porque, de longe, analisamos as coisas sem o peso da culpa. Portanto, tomar como nossa a responsabilidade pelo que não provocamos será uma das piores atitudes que poderemos ter.
Você se sente diminuído, excluído, menosprezado em seu ambiente de trabalho. Parece que ninguém te ouve, ninguém te enxerga, que nada acontece do jeito certo. Seu superior te destrata, grita, é mal humorado. Seus colegas de trabalho tentam depreciar sua imagem e sua competência. Você não vê a hora de sair correndo do seu trabalho. Se você dá o seu melhor, não é sua culpa.
Você não consegue agradar o outro, tendo a impressão de que acorda e dorme fazendo menos do que deveria. Quando você está longe da pessoa, parece que fica tudo mais leve, parece que respira com mais fluidez. Sempre tem a impressão de que sobra tudo para você fazer, resolver, lidar. Parece que nada do que sai de você tem retorno na mesma medida. Se você dá o seu melhor, não é sua culpa.
Você sempre tem que correr atrás do amigo, mandar mensagem, bolar passeios e planos. Você sempre se abre, conta tudo, mas pouco sabe a respeito dele. Parece que o amigo não tem muito apreço, parece que o amigo nunca está disponível, parece que só você fica à disposição para ele. Você sempre lembra o aniversário dele, mas ele esquece o seu. Se você dá o seu melhor, não é sua culpa.
Se a pessoa te trata mal sem razão. Se a pessoa escolheu errado porque quis. Se a pessoa resolveu agir sem te consultar. Se você fez tudo o que podia e, mesmo assim, a pessoa não deu ouvidos. Se você alertou, ensinou, aconselhou, avisou e de nada adiantou, nada. Se você dá o seu melhor, a culpa não é sua.
Sentir culpa pelos próprios erros é necessário, para que possamos reajeitar as nossas atitudes, no sentido de não voltar a agir equivocadamente, para que possamos fazer as pazes com o nosso passado, a fim de prosseguirmos mais leves e prontos para recomeçar. Sendo assim, evite quem te culpa pelos erros que ele mesmo cometeu, pois carregar pesos que não são seus apenas te distanciará cada vez mais das possibilidades de ser feliz. E ser feliz é meta da vida de todo mundo, inclusive da sua.
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Foto de Wilson Vitorino de Pexels
Texto publicado originalmente em Prof Marcel Camargo