Manhã de fevereiro. As quaresmeiras estão floridas exibindo seu roxo exuberante. Árvores da minha terra, Cerrado de arbustos, galhos retorcidos e folhas miúdas. Gosto de pensar que árvores são espíritos evoluídos cujas raízes estão presas ao solo por puro altruísmo. Nos entorpecem com suas belezas, nos abrigam em suas sombras, nos acalentam quando o vento bate em suas folhas fazendo-as cantar! Após a chuva, nos abraçam verdejantes, convidando os pássaros e as formigas para o seu dorso feito de casca e seiva. Sinto-me como se fizesse parte do equilíbrio, sendo simples elemento de um todo. Agradeço!
Nessa manhã de sábado em que o sol está abundante, percorro a MG 050 a caminho do casamento de um primo e celebro. Festejo a vida, o passar do tempo e as flores roxas.
_Pena que durem tão pouco!
_Pouco quanto?_pergunto.
_Um mês!
Ora um mês! Tempo suficiente para que as quaresmeiras façam a sua parte e sigam seu ritmo natural. 30 dias necessários para que uma pessoa mude um hábito, um mês suficiente para que uma mulher se apaixone! Um ciclo que se repete por anos a fio, brotando e secando, enquanto as crianças crescem.
Reflito. Decoro a minha alma com a cor que os meus olhos sentem, agora, com as quaresmeiras, adiante com as gabirobas, em setembro, com os ipês-amarelos. E em qualquer outro dia acinzentado, coloro a vida com o tapete dourado oferecido pelas sibipirunas, que mesmo espremidas pelas calçadas, nos homenageiam com o seu melhor!
Fui criada olhando para o topo de uma sucupira-preto e sentando-me à sombra de um velho pequizeiro. As árvores do Cerrado me viram crescer e nelas estão fincadas as minhas origens. Mata de tronco grosso e tortuoso, mas de raízes profundas, sobrevivendo entre a seca e a chuva.
Quais árvores te viram crescer?