É de pequenino que se torce o pepino

Quando é que se começa a educar uma criança? O mais tardar quando se pega nas mãos um teste de gravidez com o resultado positivo!

Educar uma criança é tarefa complexa, árdua e longa. Requer uma boa dose de amor, é verdade. Mas… só o amor não basta. É preciso persistência, paciência, clareza, senso de justiça, equilíbrio e preparo, muito preparo.

Essa história de dizer que quando nasce uma criança, nascem também um pai e uma mãe é apenas parte da verdade. Neste momento inaugura-se uma relação ao vivo e a cores. Mas, para ser pai e mãe de um novo ser humano – que não vem com manual de instruções -, requer uma disponibilidade anterior.

A gente aprende a ser pai e mãe sendo filhos em primeiro lugar. Muito do que aconteceu em nossas infâncias vai modular a nossa forma de criar nossos próprios filhos. É muito comum, por exemplo, acontecer de alguém que teve pais muito repressores, ou repetir a fórmula numa espécie de piloto automático; ou inverter a fórmula ao contrário e aplicar um modo extremamente permissivo de educar os pequenos. Nem um, nem outro jeito vão gerar bons frutos, sinto dizer!

A chave de uma boa educação vem de uma palavrinha danada de difícil de alcançar: TEMPERANÇA.

O engraçado é que as pessoas planejam viagens, planejam mudanças de emprego, planejam novos relacionamentos, mas não planejam a vida para que possam caber de verdade os filhos.

Antes de sonhar com um bebê rechonchudo e fofinho é preciso entender que a sua vida vai virar de cabeça para baixo. Essa criaturinha vem ao mundo cheia de necessidades especiais e com recursos muito regredidos de comunicação. Elas vão depender de você para absolutamente todas as questões que envolvem sua sobrevivência, mais uma carga emocional e psicológica que só os filhotes humanos são capazes de exigir.

O fato é que essa falta de preparo tem um custo. Um custo altíssimo. O que mais se vê por aí são crianças abandonadas afetivamente, soterradas de excesso de facilidades e nenhum preparo para aguentar a mínima frustração. Isso se elas tiverem a sorte de nascer num lar financeiramente estruturado e minimamente estável. Não estou nem falando daqueles que nascem em situações extremas de abandono.
Educar uma criança é preparar uma vida já em andamento para acolher uma outra que vem sem nenhuma garantia de dar certo. E, se der defeito, não há devolução.

Criança precisa de adultos dispostos a doar parte de seu tempo – de verdade -, a olhar nos olhos, abrir os ouvidos e arregaçar as mangas para fazer acontecer uma outra vida novinha em folha.

Criança precisa de rotina, de estabilidade, de limites, de recursos materiais mínimos, de educação, assistência médica, odontológica, momentos de lazer e descontração, de alguém que a ensine a ser gentil e forte ao mesmo tempo, que a faça sorrir e que suporte suas lágrimas.

É de pequenino que se torce o pepino… o pepino do pai e da mãe que decidiram trazer ao mundo uma nova vida só porque é legal. Porque já chega de casais fazendo ensaio fotográfico de gravidez e postando suas vidas no Instagram como se fosse um Reality Show gratuito. Isso qualquer um é capaz de fazer. Ser pai e mãe de verdade… Ahhhhhh isso é que eu quero ver!

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Imagem de capa: Fotolia



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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