Eu ainda não quero comprar uma casa, me estabelecer em algum lugar. Eu acho que ainda tenho tanto a conhecer. Talvez eu tenha um mundo. É, eu tenho. Ele está ali esperando o dia em que criarei coragem para desbravá-lo. Você já parou pra pensar em como todas essas decepções ou todos os seus fracassos estão te empurrando para um outro lugar? Eu penso nisso dia e noite. É como se Deus ou o Universo estivessem a dizer: “Ande mais, não estacione, há algo além. Vá!”.
Só que Deus ou Universo possuem uma linguagem diferente para nos falar. Não é preciso ouvidos nem olhos, é algo que vai muito além: dentro e te invade. É preciso escutar o que não é dito e ver o que não é visível. Você tem medo, você acha que é loucura demais mas ao mesmo tempo, cada célula do seu corpo anseia pela mudança. Mas você tem um chão tão seguro sob seus pés. Por que mirar o desconhecido? Ah, meu coração. Eu tenho um coração que vibra e não se contenta com o morno. Um coração rebelde que insiste em me dizer que só somos livres quando destememos a solidão.
Ou quando deixamos de ser filhos das circunstâncias para ser pais e mães dos nossos atos e decisões. É fato que nem sempre eu o escuto e quando eu não o ouço, eu viro mais do mesmo e fico borocoxô. E aí é que Deus ou Universo me sacodem, colocam algo difícil em meu caminho para que eu não esqueça da melhor versão de mim. Me acendem e me enchem de bravura.
Os horizontes se expandem e eu volto a estar em consonância com aquilo que carrego de melhor. Um ser bruto e selvagem. Sem medo da dor, do amor ou daquilo que eu desconheço. Disposto a se arriscar e construir liberdade. Ah, há tanto chão e há tanto céu! Ontem eu chorei antes de dormir, mas hoje, ah, hoje eu tô repleta de coragem!