A noite passada, eu acordei no meio da madrugada e me lembrei: amanhã faço 37 anos! Deu um medo danado como se – do nada – alguém tivesse me revelado o segredo da vida: não somos perfeitos, não estamos imunes ao tempo e nem à morte. Naturalmente, e sem a gente perceber, certas coisas batem à porta de todos nós! Mas, diante do inevitável, olhei-me no espelho e senti orgulho: da mulher que me tornei até aqui e daquela que continua sendo um pouco diferente a cada dia: às vezes melhor, às vezes pior! E o fato é que, enquanto nos queixamos das aparências, desesperados por manter aquilo que não nos pertence ou sofrendo por algo que não nos importa de verdade, e muito menos, desejamos um dia ser ou ter, a vida segue…
Segue como se fosse uma senhora belíssima e sábia, que por vezes, para nos despertar, nos chacoalha com requintes cruéis. Se não estou nesse momento presente, ele não se repete. Se não peço desculpas, talvez, amanhã não conseguirei mais. Se reclamo e persigo diariamente aquilo que não tenho hoje, de fato, nem o hoje eu terei. As marés levam as folhas secas, assim como o “destino” leva quem não quer remar!
Então, talvez seja isso: “todo cambia” de forma que nada nos pertence, a não ser a leveza que carregamos dentro de nós mesmos. A leveza de viver o agora, de abraçar, do olho no olho, a leveza da experiência que deve ser vivida, mesmo que às vezes, amarga. Afinal, as dores, assim como as alegrias, também são bênçãos do aprendizado.
E eu sinto, então, gratidão! Pelo amadurecimento sempre bem-vindo, pelas descobertas do meu ser, por ter caminhado até aqui, tendo o privilégio da vida, que me mostrou, em um único ano, como todos podem partir: com avisos e malas prontas ou com despedidas disfarçadas de “Até breve!” que nem sequer sabemos em quais dias foram…
Por isso, é urgente nos desprendermos das amarras e de rótulos que, definitivamente, não condizem com o nosso conteúdo! Nesse agora, é importante preencher comportamentos que esperam de nós ou nos preencher com o que somos nós? Ser a idade ou ser você?