Parada no trânsito, observei, num canteiro entre duas pistas, uma mangueira frondosa, carregada de pequenos frutos. Contemplei aquela perfeição e me veio à mente essa reflexão: aqueles frutos vieram de uma semente soterrada. Aquela árvore frondosa passou por um longo processo até chegar ao estágio de frutificar. Toda aquela beleza, fartura e exuberância são oriundas de uma semente sepultada e invisível.
Pude traçar um paralelo com a nossa condição humana. Ao longo das nossas vidas, vivenciamos situações que nos soterram em vida. Existem adversidades que sepultam ou pelo menos tentam soterrar os nossos sonhos e a nossa alegria. Somos assolados pelo medo, pela dúvida, pela rejeição, pelo abandono, pela deslealdade e pela crueldade nos mais variados contextos.
As tribulações nos visitam, é fato. Contudo, caberá a nós a sabedoria de nos silenciar e buscar a força da semente que carregamos em nossa essência. Essa semente tem uma capacidade infinita de renascimento e superação. Ela brotará cada vez mais forte e revigorada à cada intempérie. Basta que não nos esqueçamos da existência dela. Basta que não foquemos a nossa energia na dor. Basta que acreditemos que em cada dificuldade encontraremos um aprendizado. Basta que tenhamos a certeza de que nas crises estão escondidas grandes oportunidades de transformação.
Então, busquemos esse entendimento de que nada, absolutamente nada, é em vão nessa vida. Tudo nos traz uma lição e um aprendizado, a dor é uma excelente professora, assim como as decepções. Vamos focar no aprendizado e deixemos que a lei do retorno se encarregue de cuidar do resto. Aquilo que dói agora será transformado em gratidão lá na frente. Mesmo sem entendermos nada, vamos manter a crença de que há uma razão para ser assim e que tudo conspira para o nosso crescimento.