Princesinha indefesa, presa na última torre, à espera do príncipe impetuoso para resgatá-la dessa vida sem graça e solitária e serem, enfim, felizes para sempre? Já fui. Hoje, não mais.
Hoje quem comanda o meu reino sou eu, do meu jeito. Dispensei até meu notável conselho de cavaleiros imponentes, porque não preciso mesmo deles para me dizerem o que (ou não) fazer. Prefiro as bruxas. E a minha própria intuição. Não barganho mais meu coração, por mera companhia. Não temo mais a solidão, como sempre fazia.Não aturo mais sermão de gente que nunca esteve em uma batalha ao meu lado.
E também já não vejo graça em príncipe encantado.
Encantamentos costumam acabar rápido. Hoje, eu prefiro os sapos. São mais autênticos, verdadeiros e engraçados! O caminho para chegar até aqui foi longo e nada fácil. Durante muito tempo acreditei que uma menina não seria capaz de governar nada, nem a sua própria vida, sozinha. Que boba eu fui! Não sabia a boa guerreira que eu era, até que lutar por mim foi a única opção.
Cai, chorei e por incontáveis vezes fui derrotada. Incontáveis vezes dei-me por vencida e julguei a vida um tanto injusta. Comecei a me dar conta de que a Vida é uma boa juíza, quando parei de esperar por ajuda para me levantar do chão.
Quando parei de culpá-la pelas minhas escolhas, quando assumi os meus erros, minhas responsabilidades e, acima de tudo, minhas VONTADES. Lutei por mim. E venci.
Assim eu me tirei do gélido calabouço do vitimismo e assumi o meu trono.
Quem diria! A menina boba que se escondia atrás dos muros altos de um lugar ao qual não pertencia, era prisioneira e não sabia, tornar-se-ia a mulher que é e os colocaria todos abaixo, construindo assim sua própria fortaleza. Não com escudos e armas sempre a postos, mas expondo, sem máscaras, minhas fraquezas. Ah, quem diria! Isso é o que me torna forte hoje em dia.
Parei de me defender o tempo inteiro, porque já não é qualquer coisa, nem qualquer um, que me atinge.
Hoje, eu tenho consciência de quem eu sou. Eu me empoderei na marra e é o que me faz ser leal, antes de tudo, a mim mesma.
Abandonei as convenções, as regras e os moldes pré-fabricados, aos quais nunca me encaixei e hoje, no meu castelo, só entra quem eu quero.
E embora ainda prefira a paz, já não tenho mais o menor medo de brigar pelo que eu acho certo. Não tenho mais pudor em expulsar invasor da minha vida. Nem receio algum em aumentar a voz quando precisa… ou pedir perdão, quando se é o correto.
Hoje falo meus “Nãos” com paz na alma e a mente tranquila.
Preservo meu bom coração, a diferença é que descobri o sentido da palavra “RECIPROCIDADE” e hoje ofereço minha bondade somente para quem verdadeiramente me deseja o bem.
Porque me dei conta de que a mocinha da história, às vezes, é taxada de boba, e que a vilã nem sempre é tão má assim.
Não como mais maçãs envenenadas. Hoje, sou eu que escrevo meu conto de fadas, sou Senhora de mim.