As minhas cicatrizes são tatuagens sagradas, elas me fazem lembrar que fui capaz de superar dores inconfessáveis. Aprendi a olhar as marcas da minha alma com amor e empatia, abandonei a revolta. Só eu e Deus sabemos de cada lágrima que derramei, de cada nó na garganta, de cada aperto no peito e, de cada sensação de desamparo que experimentei.
Já levei golpes tão duros que pensei que não fosse mais possível ficar de pé. Já engoli lágrimas que tinham gosto de sangue. Já me fiz de forte, com as emoções estraçalhadas. Já disse “estou bem” torcendo para que o outro dissesse “sei que você está mal, deixe eu te dar um abraço”. Já experimentei dores que jamais terei coragem de revelar, tive que lidar com elas até que o tempo as diluísse.
Já enfrentei batalhas cambaleando, escorregando em minhas próprias lágrimas, com a visão nublada, sem enxergar previsão de um dia ensolarado. Em muitos momentos, dobrava os meus joelhos e apenas chorava. Entre um soluço e outro eu dizia: Senhor, tá doendo muito, socorro. Já abri a janela da minha casa e vi um sol brilhando lá fora, mas aqui dentro de mim, estava tudo nublado, com nuvens negras e densas. Hoje, eu entendo que quando estamos iluminados por dentro, nenhuma escuridão nos assombra. Em contrapartida, não existe dia ensolarado para quem está com a alma no escuro.
Olho para trás e fico perplexa, me deparo com uma mulher que foi guerreira e resiliente desde criança. Das certezas que tenho, apenas uma: nunca guerreio sozinha, eu tenho um Anjo que Deus escalou para cuidar de mim. Quando a tempestade passa, Ele me olha e diz: “Sua boba, por que duvidou que fosse capaz de superar aquilo? Estou aqui contigo e vou te proteger sempre”. Então, sorrimos e minha alma se enche de fé e gratidão.