Um dia vai dar certo.

Eu sei que parece a coisa mais injusta do mundo saber disso, mas não é. Não é porque, para dar certo, muitos sentimentos precisam estar alinhados. E antes de você entendê-los inteiramente, você vai levar alguns tombos, você vai se enganar, você vai achar que tinha o melhor em suas mãos. Você vai ter expectativas quebradas com quem nunca pensou que teria, você vai mergulhar num mar de confusão e, às vezes, até de lágrimas por quem não merecia sequer uma saudade da sua reciprocidade.

Mas um dia vai dar certo. Vai mesmo. Mas é necessário que até esse dia chegar, você esteja em sintonia com os seus desencontros. Pois aceitá-los é compreender que eles foram importantes para que mudasse de perspectiva, para que visse o compromisso que significa morar no coração de alguém sem exigir nada em troca. Você vai finalmente entender que o amor não é aquilo que pintam nos romances, nas novelas, nos filmes. Quando você ouvir de alguém por quem se apaixonou dizer adeus, deixando nada além de perguntas, você vai perceber o quanto é ilusória toda essa estória de felizes para sempre.

Ainda assim, um dia vai dar certo. O seu dedo não é podre e nem o seu cupido precisa de óculos. E o seu coração, o seu coração não tem nada de errado. Você vai seguir em frente, não se preocupe. Você vai aprender a valorizar a própria companhia e vai experimentar o abrigo mais honesto que alguém poderia te oferecer: a solidão. E essa solidão vai te ensinar muitas coisas. Coisas que você nunca tinha parado para pensar, sentir e viver.

Até que, um dia, em um lugar aleatório, você vai conhecer alguém. Alguém que passou pelas mesmas decepções, mas com cicatrizes diferentes das suas. Alguém que vai ouvir sobre as dores que você já teve e vai respeitá-las. Alguém que vai rir com você dos porquês de ter demorado tanto tempo para dar certo. Daí, no meio do encontro mais improvável do mundo, você vai agradecer pelos desamores que teve de passar. Afinal, eles ajudaram o hoje a deixar de ser um dia.



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