Ele casou. E não foi com ela.
Assim que soube da notícia, começou a chover intensamente. Dentro e fora dela. Aqueles olhos nunca mais encarariam o seu. Aquelas mãos nunca mais tocariam as suas. Aqueles lábios nunca mais lhe beijariam. Aquela pessoa não era mais sua, mas de outro alguém. Chorou por três dias, choveu por dentro. Ninguém, soube, é claro. Não era dada a demonstrar sentimentos. Para todos dizia estar feliz, dizia que queria o melhor para ele. Era verdade, em certa medida.
Ainda o amava.
E mesmo que ele fosse feliz com outra pessoa, ainda queria que ele fosse feliz. Porém, no fundo, sabia que preferia que fosse feliz com ela, e tinha esperanças de que ele voltasse a si e retornasse para ela, para a vida feliz que tinham. Sabia que isso não ia mais acontecer. Então, munida de uma profunda tristeza, lembrou de cada momento que passaram juntos e se alegrou. Afinal, tinha tido seu tempo, e sua história ninguém poderia apagar. Morava nela, para sempre.
Os bons e maus momentos. Cada chuva, cada riso, cada manhã de sol. Ele nunca fora dela, mas com ela dividiu momentos que marcaram suas vidas. Isto bastava. Porque com essas memórias ela poderia partir e formar novas. Com outras pessoas, em outros lugares. Ele estava feliz, e isso bastava.
Agora era vez dela ir buscar sua própria felicidade.