Novamente os ventos do mês de agosto visitam meu quintal. São os mesmos ventos, mas eu não sou mais a mesma. Os primeiros fios de cabelo branco têm dado o ar da graça, e depois de tantos sorrisos, a pele tem mostrado alguns sulcos.
Fora o tempo que se manifesta no espelho, as folhas secas que por aqui passam com a ventania me lembram que a lista de promessas que fiz em janeiro ainda não foi concluída. Ainda preciso aprender inglês e fazer aquela viagem a Paris. Peguei o carro, para no máximo, visitar a amiga que mora em Milho Verde, no interior de Minas, e que me conta sorrindo que cachoeira e silêncio são os melhores remédios para o estresse.
O tempo continua seco e os repórteres da TV se repetem nas informações e dicas sobre o assunto. O céu está azul, não há nuvens, e o sol, que ainda é de inverno, já queima como no verão.
As crianças voltam da escola com suas mochilas pesadas, seus rostinhos suados e as vozes estridentes. As pipas voam coloridas e os moleques continuam atrevidos. Tudo parece igual. Tudo se repete. Só a imagem refletida no espelho que não.
Os agostos que chegam e se vão com 31 dias de mau agouro não me interessam! No oitavo mês, nasceram minha avó materna, meu pai e meu irmão do meio. No dia 11 comemorei vários dias do estudante no pátio da velha escola. No mês dos ventos, da terra seca e do mato queimado, ouvi por várias vezes, meus avós dizendo: “Em agosto a roça fica feia!”. Mas, não tão feia quanto a saudade. Não tão seca quanto essa memória de um novo agosto que chega.
E conforme a poeira encosta, o vento leva, a chuva cai, a terra molha, a planta cresce, agosto se desvanece mais uma vez. Suas rajadas seguem adiante sobrevoando as águas e as gentes. E quando no próximo ano agosto voltar, nos lembraremos com o barulho do vento que 365 dias se foram mais uma vez.