Desenvolver a consciência emocional significa aumentar as habilidades para reconhecer os padrões que se ajustam às nossas emoções. Em outras palavras, identificar quais são os fatores que ativam nossas emoções, de que maneira o fazem e até onde essa ativação nos leva.
O ser humano segue algumas linhas de ação, mais ou menos estáveis, ao longo de sua vida. No entanto, a mudança também é uma constante. Particularmente, nossas emoções estão sempre em movimento. Não somos seres passivos frente ao que acontece ao nosso redor. Por isso, mantemos uma grande dinâmica interna. Desenvolver a consciência emocional também é uma maneira de identificar essas mudanças.
“A consciência é a voz da alma; as paixões, a do corpo”.
-William Shakespeare-
O objetivo final é deixar de ser espectador passivo do que acontece em nosso mundo interno. Nenhuma emoção surge ou desaparece por acaso. Se conseguirmos identificar o que sentimos e anteciparmos a maneira como isso pode nos afetar, certamente colocaremos em prática condutas mais adaptativas. A seguir, apresentamos três pontos-chave para desenvolver a consciência emocional.
1. Análise das motivações
Um dos exercícios que mais nos ajudam a desenvolver a consciência emocional é fazer uma análise frequente das nossas motivações. Motivação seria a força que nos leva a agir em determinada direção. Tanto a psicanálise quanto outras correntes contemporâneas nos mostraram que, muitas vezes, ignoramos quais são as nossas motivações reais.
Às vezes, seguimos genuinamente os desejos mais profundos do nosso ser. Então, agimos em conformidade com nossos desejos. Isso nos dá um certo equilíbrio. Em outras ocasiões, entretanto, ignoramos por que nos inclinamos por uma opção e não por outra. Ou pensamos de uma maneira, mas agimos de outra. Ou, simplesmente, nos sentimos insatisfeitos com o que fazemos, sem saber exatamente o porquê.
Uma análise das motivações nos leva a explorar exatamente essas forças que nos fazem agir. Será que é a vontade ou o medo? É uma decisão ou o costume, a frustração, a raiva ou outra emoção? Questionar nossas motivações nos leva a desenvolver a consciência emocional.
2. Entendimento do uso do tempo, um ponto-chave para desenvolver a consciência emocional
Um dos elementos mais reveladores do nosso mundo emocional é a distribuição que fazemos do tempo. Essa é uma categoria abstrata que oferece valiosas pistas para compreender nossa realidade psicológica. Assim, ao analisar a maneira como lidamos com o tempo, também conseguimos desenvolver a consciência emocional.
Em particular, é importante observar se estão presentes alguns elementos nessa tarefa. Estes são: procrastinação, sensação de falta de tempo e percepção de lentidão no passar do tempo. Cada um desses estados nos fala de situações emocionais específicas.
A procrastinação reflete insegurança e falta de compromisso. Além disso, por vezes, também pode nos mostrar uma recusa inconsciente daquilo que se posterga. A sensação de falta de tempo reflete obsessões e ansiedade. A lentidão no transcorrer do tempo sugere a presença de melancolia. Portanto, analisar nossa percepção e a maneira como lidamos com o tempo é uma valiosa fonte de informação para nos conhecermos melhor.
3. Regular o tom emocional
Um dos fatores que nos ajudam a desenvolver a consciência emocional é identificar as emoções mais intensas que sentimos com frequência. Algumas emoções prevalecem na nossa forma de ser em relação a outras. Por exemplo, há quem passe os dias com muita irritação. Outras pessoas tendem a rir por tudo ou a se sentir abatidas. A emoção que predomina é o que dá um tom emocional particular a cada um de nós.
Muitas vezes, nós “casamos” exclusivamente com uma dessas dimensões emocionais. Construímos uma personalidade explosiva, ou passiva e temerosa, ou cronicamente simpática, e ficamos aí para sempre. Sem perceber, nos esquecemos de como sentir de outra maneira. Nós nos habituamos a essas emoções predominantes e acabamos fazendo delas o eixo central da nossa forma de ser.
Para desenvolver a consciência emocional, é aconselhável aprender a regular o tom emocional. Isto é, a colocar um certo limite nessas emoções predominantes, permitindo que as não habituais também emerjam. É uma maneira de explorar outras áreas do nosso ser e de permitir que novas sensações e emoções também apareçam. Isso, por sua vez, nos torna mais conscientes do que existe em nosso interior.
O desenvolvimento da consciência emocional nos proporciona mais lucidez para agir. Também dota nossas ações de um sentido mais autêntico. Sem dúvida, é uma das tarefas que proporcionam como resultado uma vida mais plena e uma personalidade mais saudável.
Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa