Nada começa pelo fim. É preciso base para qualquer construção. Princípio, meio e manutenção constante daquilo que foi levantado. Seja uma obra em alvenaria ou uma relação; de amizade, familiar, profissional, amorosa. É preciso antes preparar o terreno sem muita pressa, mas com muita cautela. Para que acelerar as etapas se, lá na frente, por descuido com quaisquer detalhes sem o devido cuidado levando tudo vir à tona, tijolo por tijolo, ao chão?
Esse é um dos grandes “problemas” das relações atuais: pressa. Pressa para o primeiro encontro. Pressa para o primeiro beijo. Pressa para o sexo. Pressa para esquecer os nomes um do outro após alguns minutos de gozo e vazio. Não que seja errado aproveitar o momento e ponto. Não é isso. Porém, viver uma vida assim, sem criar raízes com a falsa sensação de “curtir a vida” é ir na contramão do esperado. Relações aceleradas não preenchem, só criam lacunas cada vez maiores. É difícil enxergar isso para olhos desatentos. O tempo afina as percepções e, o trivial, deixa de fazer sentido. Deixa de fazer bem.
É bem mais gostoso aproveitar cada momento como se fosse único — e pode de repente ser. Aproveitar o caminho sem pressa, admirar o entorno, a paisagem, além das curvas de um corpo bonito. É preciso apreciar a conversa sem demora, daquelas que convida a gente a mergulhar dentro do outro. A conhecer e reconhecer os traumas, os medos, as belezas intrínsecas de cada um. Gozar junto no riso. Não há necessidade de antecipar as loucuras sem, antes, saber dividir os silêncios.
A pressa é inimiga da perfeição, diz o ditado. Vale dizer que a pressa é inimiga de uma construção sólida entre duas pessoas. Claro, também acredito em amor à primeira vista. Porém, prefiro amor a perder de vista… que solidifique para passar as turbulências da vida, as estações de muitos anos, sem pressa alguma.