Eu não sei ser metade. Sou intensa demais, muitas vezes transbordo. Amargo e meio. Excedo. Me entrego. Me desespero. Me afundo. Navego. É isso. Eu, que achei que o tempo havia me ajudado a evoluir, só tenho descoberto que o caminho ainda é longo. Ainda sou, muitas vezes, mais os outros do que eu. Isso é terrível, mas não nego a verdade. Já me quebrei demais para tentar ver o outro inteiro. Já me doei demais para quem não se doou, mas me fez doer. Já perdoei demais quem nem sequer pediu perdão. Já insisti em presença quando a ausência era mais do que clara. Ultrapasso. Descompasso. Despedaço. Renasço. Grito. Calo. Repito: Excedo. Meu coração pode até ficar no centro do peito, mas sinto como se o carregasse no corpo inteiro. Durante muito tempo enxerguei isso como uma medalha de ouro a ser exibida: ser toda coração. Hoje já não sei. Ando querendo pé no chão, razão, descobrir quais são minhas raízes e quais eu não preciso mais, quais estão precisando de cuidado. Equilíbrio. Centralizar o que sinto para não cair toda hora. Eu não caibo em mim porque transbordo sempre. Isso tem que parar. Tá na hora de me recolher ao meu lugar: Eu. E saber morar aí. Não posso ser andarilha em corações alheios e guerreira para quem não quer ser salvo. Eu tenho casa em mim. Eu tenho que ser guerreira por mim. Eu não sei ser metade e tudo bem. Mas vou aprender a ser inteira em mim. Sem contar com pedaços que não me pertencem. Eu sou um Universo inteiro e por mais que tenha caos, tem um brilho enorme e eu sei que ao final… Ao final vai ficar tudo bem.
Eu não sei ser metade.
Eu não sei ser metade. Sou intensa demais, muitas vezes transbordo. Amargo e meio. Excedo. Me entrego. Me desespero. Me afundo. Navego. É isso. Eu, que achei que o tempo havia me ajudado a evoluir, só tenho descoberto que o caminho ainda é longo.