Xingo pessoas das quais nem conheço, apenas por pura falta de paciência de uma longa fila do supermercado. Grito nomes desaprovados por pessoas de boa conduta, apenas por sentir-me um pouco mais leve e tranquilo. Cometo pecados incontáveis diariamente por não ter um manual de instrução passo-a-passo sobre como me comportar em meio à sociedade civilizada. Por isso gosto das pessoas verdadeiras. Aquelas que são aquilo que são, sem mais. Admiro a originalidade do ser, a naturalidade do aceitar e a vulnerabilidade dos sentimentos.
Caminho entre os pecadores porque peco, também. Acredito em Deus, mas não frequento igrejas. Sou católico consagrado, mas não leio a bíblia. Rezo todas as noites, mas carrego comigo pensamentos impuros.
Admiro as garotas que falam o que pensam sem importar-se com a opinião de outrem. Garotas que mastigam o medo e o engolem a seco. Prezo os rapazes que carregam em si a sinceridade na alma e são aquilo que fazem, não aquilo que dizem fazer. Gosto das peles morenas e alvas marcadas pelas cicatrizes da vida e pelas artes tatuadas e rabiscadas.
Aprecio as pessoas que gritam verdades ao mundo e se jogam de cabeça nas profundezas do agora. Planejar o futuro é coisa pra quem não usufrui o presente. Prefiro as pessoas certas daquilo que querem do que aquelas cobertas por dubiedades fúteis. Gostos dos romances à moda antiga. Amor é um clássico em meio à modernidade.
Ando entre os pecadores porque peco, também. São os pecados que te levam ao paraíso. Pois sem eles, você já estaria lá.
Sou o que sou, fiel a mim mesmo e sincero aos meus desejos mais íntimos.
Xingo. Peco. Grito.
Sou ser.
Sou humano.
Pecador e sonhador
em um mundo de coberto de pessoas rasas e desacreditadas.