É tão fácil perceber quando não é amor. Às vezes, a gente até finge não ver para adiar a dor do fim. Então a gente vai adiando a percepção de que está amando sozinho, até o dia em que não dá mais para tapar o sol com a peneira.
A gente sabe que não é amor quando as dificuldades superam as vontades. Quando as prioridades passam a habitar coisas distantes de nós. Quando existe uma infinidade de desculpas para adiar a proximidade.
A gente pode até fingir que não viu, que não entendeu, que não sentiu, mas no fundo a gente sabe e sente a dor daquilo que está bem longe de nos trazer contentamento.
É triste quando aquele sentimento que parecia bonito e mútuo se transforma em um “cuidar” unilateral. Quando a gente tem que caber apertado em um tempo pequenininho.
Se a gente parar para pensar, nunca foi amor. No começo foi fissura, desejo, gana e posse, mas não amor. Amor não desaparece do dia para a noite. Amor não desliga o telefone para não dar satisfação. Amor não se interessa por outras pessoas enquanto ainda está com você.
Há quem diga que dá para amar muita gente junto. A ciência afirma o contrário. Em um estudo feito por pesquisadores americanos, pessoas apaixonadas, quando batiam os olhos em fotos de outras, não sentiam atração física por elas. Como se o cérebro dos apaixonados desligasse o mecanismo de atração para não desejar outro que não o ser amado.
Isso é inconsciente. É quase compulsório. Quem ama gosta de estar com a pessoa amada e não com outros por impulso, por insensatez, por pura falta de vergonha na cara. Se ao caminhar de mãos dadas seu affair torce o pescoço para desejar gente estranha certamente ele não está muito certo do que sente por você.
Daí há quem diga que isso é normal. Que o negócio é não se apegar. Que é natural respirar outros ares durante a relação. Que tem gente que funciona como elástico, indo e voltando. Sinceramente, nesses casos a chance é grande da pessoa te chamar apenas quando for conveniente para ela.
E não, ela não vai estar do seu lado quando o mundo desmoronar na sua cabeça. Quando você passar por alguma situação angustiante. Quando você precisar de um colo ou uma palavra amiga. Ela não vai ouvir quando você chamar. Ela não vai estar por perto nas festas de família. Nos dias de chuva em que um filme antigo estiver passando na tv. Ela não vai estar por perto mesmo estando ao seu lado, porque ela não vai querer saber do seu dia, do seu sorriso, da sua vida.
Quando a gente não consegue se aproximar por completo. Quando o outro age de forma diferente a cada novo encontro. Quando as palavras dele não coincidem com as ações, não é amor. Por mais bonitinho que possa parecer, não é amor.
O tempo perdido ao lado da pessoa errada, não volta e vida, a gente só tem uma, viu. E nessa única vida cabe amor de verdade pra valer, desde que a gente não esteja ocupando o coração com quem finge amar, mas não ama.
Eu sei que dói, mas as vezes a gente tem que usar um ponto final onde costumávamos usar virgulas. E está tudo bem, desde que a gente resolva seguir em frente e se entregar ao que é verdadeiro. Amor de verdade transborda. Quando resseca, quando machuca e espeta, não é amor.
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