Não adianta tentar se esconder de si mesmo

Saturei de modismos e reclamações constantes sobre o mesmo motivo, como se reclamar fosse mesmo capaz de mudar alguma coisa. Virou moda os mantras depressivos, como se repetir mil e trinta e três vezes a mesma coisa pudesse ser capaz de alterar a ordem dos cosmos e fazer o universo conspirar a favor, mudar toda a rotina e extinguir todos os problemas reclamáveis. Confesso que eu mesma participo, às vezes, desse grupo seleto de gente que reclama e confesso de novo, com vergonha, que muitas e muitas vezes eu fiquei sentadinha esperando a sorte mudar ou o mundo acabar. Porque às vezes o mundo acaba. O tempo cessa. E a gente tem apenas que aprender a suportar se encarar no espelho — não há nada mais duro no mundo do que repreender a si mesmo, desgostar de si mesmo e decepcionar a si mesmo.

É triste.

Deixar ou não de fazer, mudar ou não mudar é acabar se decepcionando. É fácil demais corrigir decepções alheias, mas e as próprias? Ficamos naquela de inventar mil e uma desculpas por não ter feito diferente, mas mentir para si mesmo é sempre a pior mentira e não há máscaras visíveis de frente para um espelho. Somos nus perante nós mesmos.

Aí fico lembrando da frase que li há algum tempo no Facebook, e recordo dela quase todos os dias: “A criança que você foi teria orgulho da pessoa que você é?”, ou algo assim. Então, quando os desafios batem na porta, quando o comodismo começa a parecer seguro, eu tento me forçar a acreditar que eu posso, que sou capaz, que tem um mundo todo me esperando, que tem sorrisos que deixei de ver, que tem lugares que ainda não conheci e experiências que não vivi. E pensando nisso tudo, eu tento acreditar piamente que eu mereço tudo isso, que eu mereço viver e desbravar o mundo antes que meu tempo entre em extinção.

Então não venha com frases feitas e reclamações para cima de mim, porque estou tentando abstrair todas as minhas frases feitas e minhas reclamações. Estou tentando crescer. Porque nessa manhã, ouvindo o Anitelli, eu concluí que não importa se temos dez, doze, dezoito ou vinte e nove anos, a gente tem sempre algo dentro de si para amadurecer…



LIVRO NOVO



Engenheira, blogueira, escritora e romântica incorrigível. É geminiana, exagerada e curiosa. Sonha abraçar o mundo e se espalhar por aí. Nascida e crescida no litoral catarinense, não nega a paixão pela praia, pelo sol e frutos do mar.

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