Deixa eu te levar comigo, moço

Deixa eu te carregar nos olhos, moço. É para que eu possa te prender entre meus cílios quando o medo me assombrar da porta. Depois de muito tentar, botei uma placa de acesso restrito no peito e, cá entre nós, só entram aqueles sentimentos que deixo. Os outros, permito que olhem de fora, mas que não se demorem. E de tudo e todos, o medo é o que vem com mais frequência, embora nem tanta que dê vez para se preocupar. É aquilo de ter as coisas no lugar que preocupa, sabe moço? Parece que o ‘muito bem, obrigada’ vem embrulhado num papel fino de insegurança boba, só por não querer por um ponto final numa história que vem sendo bonita.

Você sempre brilha nos meus olhos, moço. Quando teu nome sai sem querer dos meus lábios ou quando os pensamentos não são mais meus e passam a pertencer a ti. E o sorriso dança bobo no canto da boca, desfazendo meu cuidado em não deixar transparecer. Minto, o cuidado de deixar transparecer pouco. É como comento, moço, com você eu me perdi já no oi e não foi tão difícil me entregar por inteira, me envolver toda. Você não precisava ser tão você que ainda sim eu me vestiria toda tua e seria fácil, tanto quanto é.

Piegas. Dou um jeito de me apaixonar por você todo dia, moço. Permita que eu me apaixone todo dia e me dê mil motivos para continuar me apaixonando. Vê o lado bom, moço? Não há segredos nem fórmulas certas para que você continue acertando sempre, você só precisa ser você mesmo, não perder a piada nem esquecer as poesias. No mais, a gente se inventa. Se veste, se colore, pinta e borda. E eu vou me satisfazendo de você, sem nunca me saciar por completo. O tempo é sempre pouco quando te tenho perto e não conheço o rosto da vontade de ir embora. E nem quero.

Tudo bem moço, pode vir você com a tua sina de não dar audiência para as minhas linhas, mas não há nada aqui que não tenha sido dito. Por mais que as palavras se estanquem na garganta e o silêncio predomine, há um bocado de tranquilidade entre a gente que diz mais do que a fala realmente seria capaz. E… quer saber? Nem me arrisco dizer. Traduzir. Só permito transparecer, moço, do jeito manco que sei fazer. E fico. E carrego uma expectativa mansa de que baste, de que você veja e que você permita que eu te carregue nos olhos, moço, para te prender quando o medo der tchau da porta e para me acompanhar quando vou me abraçar nos sonhos…



LIVRO NOVO



Engenheira, blogueira, escritora e romântica incorrigível. É geminiana, exagerada e curiosa. Sonha abraçar o mundo e se espalhar por aí. Nascida e crescida no litoral catarinense, não nega a paixão pela praia, pelo sol e frutos do mar.

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