Quem sou? Sou mulher, sou filha, sou amiga. De formação, sou advogada, sou médica, sou engenheira. Sou também um pouco psicóloga, um pouco louca, um pouco mãe, um pouco tia.
Quem você quer que eu seja? Posso ser boa, má, calada ou falante. Posso rir descontroladamente ou chorar como um bebê. Posso ser tudo isso e ainda continuar sendo eu.
Como? Diferente do que as pessoas costumam pensar, o “eu” não é um pacote fechado. Não nascemos prontos, “esse aí é sorridente, sempre rirá das piadas que lhe contarem, e amará chocolate”. Aldous Huxley que me perdoe, mas acredito em determinismos genéticos somente na ficção.
Posso estar sorridente e chorosa ao mesmo tempo. Amar chocolate num dia, e no outro não aguentar o cheiro. Posso e devo mudar, experimentar, me adaptar e viver no sentido mais amplo possível.
Na essência, sempre serei eu mesma, curiosa, determinada, batalhadora e interessada. Na prática, posso ser tudo isso no mesmo instante, ou nenhum desses.
Tenho o direito de me contradizer, de desistir, de começar e recomeçar quantas vezes quiser.
Quem sou eu? Sou quem eu quiser ser, livre de corpo e alma. Posso cortar meu cabelo, deixa-lo crescer, pintar de rosa, roxo ou azul. Posso engordar, emagrecer, me vestir de preto ou como uma versão do arco-íris.
Posso tudo. E só tenho uma pessoa a quem devo satisfações: a mim mesma. O que faço com meu corpo, com minha vida, com minha alma é algo entre mim e mim mesma.
Compreender isso retira um peso dos ombros e abre o coração para uma verdade incontestável: ser livre é também deixar ser livre. Você. Os outros. E assim, amamos mais e vivemos de uma forma pura e quase infantil de contentamento.
Somos de fato livres.
Imagem de capa: Veles Studio, Shutterstock