Tenho a impressão de que, desde o momento em que a vi entrar naquele ônibus para seguir a tua vida longe da minha, não houve sequer um dia em que eu não tenha me lembrado do amor que, em tão pouco tempo, construímos. Nesse meio tempo, entre a nossa despedida e os dias atuais, a minha saudade não tem se restringido somente à falta do teu toque e, pra falar a verdade, não sei nem se ela pode ser chamada assim, pois, há dias em que o buraco é tão mais embaixo que, costumo pensar que a tua ausência ainda não tem nome no meu dicionário.
“A culpa é da minha vênus em câncer”.
Eu, que nunca soube absolutamente nada sobre astrologia, e que aprendi contigo a relação entre as pessoas e o cosmos, me rendo à qualquer explicação que me ajude a entender como alguém pôde me fazer tão bem estando perto, tanta falta estando longe e, em que momento dessa história, deixamos escapar pela ponta dos dedos um amor que nem Shakespeare imaginou.
Se não me atrevo a visitar as tuas redes sociais, não é porque não me interessa saber como anda a tua vida, nem tampouco tenho ciúmes de quem dorme sob o aconchego dos teus braços quentes e tatuados. A verdade é que não sou tão forte quanto digo e, ao assumir minhas fraquezas, tenho compreendido a importância de manter algumas distâncias.
Esta não é uma carta triste, apesar do tom. Sei que a felicidade tem batido à tua porta, sei que tem amado e se sentido amada, sei que tem vivido uma nova e bela história e eu, fisicamente distante, apesar de todos os meus desejos de te ter por perto, desejo ainda mais que os teus dias sejam cada vez mais incríveis, onde e com quem estiver.
Gosto de pensar que somos jovens e, em algum ponto lá na frente, livres, mudados e – certamente – mais experientes, nos encontraremos em alguma rodoviária da vida. Você é o poema que nunca saberei escrever e o amor que jamais serei capaz de esquecer.
Estarei sempre aqui.
Amo você.
Imagem de capa: hedgehog94, Shutterstock