Redes sociais: Todo mundo é feliz o tempo inteiro?

Por Zenklub*

Você acredita na felicidade constante e na vida perfeita que muitas pessoas – inclusive nós mesmos – mostramos nas redes sociais?

Desde que começamos a usar diariamente as redes sociais, sentimos uma necessidade de mostrar aos outros – sejam familiares, amigos ou até completos estranhos – nossos momentos e experiências felizes do dia-a-dia. Do outro lado, centenas, milhares de pessoas em nosso ciclo fazem o mesmo.

“Temos a tendência de nos reconhecermos por meio do reconhecimento do outro e é por isso que as redes sociais fazem tanto sucesso. Quantos mais likes, seguidores e comentários eu tenho, mais importante, poderoso e único eu me sinto. Além disso, o mundo virtual nos dá a possibilidade de construir a nossa imagem, seja ela real ou não. Então, se a minha autoestima não é tão boa e eu não gosto do que vejo quando olho para mim mesmo, então eu posso construir, nas redes sociais, uma vida só de experiências boas para me convencer do contrário”, explica a psicóloga Milena Lhano, que atende pelo Zenklub.

São 24 horas por dia de fotos de pessoas felizes, viagens, festas, famosos, dietas, corpos perfeitos e tudo que é preciso para criar a impressão de vida perfeita. O lado ruim dessa vida digital perfeita? É que quem não se encaixa nessa felicidade toda, começa a sentir deslocado, frustrado, perdido. A sensação de que a vida dos outros é melhor que a nossa acaba diminuindo nossa auto-estima, não é?

Um estudo realizado pela Royal Society for Public Health (Sociedade Real para a Saúde Pública, do Reino Unido), chamado “#StatusofMind”, revelou o quão grande e tóxico pode ser o impacto do conteúdo de redes como o Instagram, Facebook, Snapchat e Twitter no bem-estar e no dia-a-dia das pessoas.

A pesquisa foi realizada com 1.500 pessoas entre 16 e 24 anos. Foram feitas perguntas sobre assuntos como ansiedade, depressão, perda de identidade pessoal e problemas com a imagem do próprio corpo. O resultado foi que 5% dos entrevistados sofrem do que pode ser chamado de “dependência de mídias digitais”.

Algumas outras descobertas: 1 em em cada 6 jovens sofrerá de algum transtorno de ansiedade em algum momento de suas vidas. A imagem corporal também sofre um impacto tóxico para as pessoas que usam as redes, principalmente mulheres jovens. Isso porque as imagens e vídeos publicados 24 horas por dia levam a comparações – e desejos – de uma certa aparência padrão.

Isso acontece, muitas vezes, por se compararem com os outros e se acharem piores, ou até por receberem menos likes e comentários do que imaginavam. “A questão aqui é que eles se comparam com imagens que muitas vezes não são reais: são fotos produzidas ou situações aparentemente felizes que mascaram tristeza e depressão. Assim, muitos desenvolvem transtornos reais baseados em comparações com imagens irreais”, destaca a psicóloga.

A especialista também fala um pouco sobre a crescente tendência de estar conectado nas redes sociais o tempo todo: “Temos visto acontecer um fenômeno bem interessante: um grupo de pessoas está sentado em um restaurante, mas elas não conversam entre si porque cada um está em seu celular publicando fotos, fazendo vídeos ou conversando com alguém que não estão ali. As pessoas estão sempre conectadas vivendo nesse mundo paralelo, onde cada um pode ser o que quiser e “fugir” do mundo real onde têm momentos de frustração, tédio, obrigações e cobranças”.

A realidade das redes sociais muitas vezes não mostra a verdade. A verdade? Não dá para ser feliz o tempo inteiro. E não tem problema nenhum. Ninguém está livre de momentos de tristeza e angústia, de frustrações profissionais e amorosas, de indecisões. Ninguém tem sempre todas as respostas ou soluções para os problemas e desafios do dia-a-dia.

A especialista dá a dica: “Não compare a sua vida, o seu corpo, o seu relacionamento, o seu trabalho, seus filhos ou qualquer outra coisa com o que você vê nas redes sociais. Entenda que não agradar a todos, ter frustrações, ter problemas, um dia ruim, fazem parte da vida. São essas situações que nos fazem crescer e superar obstáculos. A vida é aquilo que acontece enquanto você está olhando para a tela do celular”.

E se todos os momentos não forem perfeitos: tá tudo bem. Faz parte de sermos seres humanos.

* No Zenklub, você encontra mais de 80 especialistas que podem ajudar você a superar muitos transtornos desencadeados pelo uso excessivo de redes sociais, como baixa autoestima, ansiedade e depressão.

Imagem de capa: Impact Photography/shutterstock



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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