É descontrolável o fim de um relacionamento…
Sinônimo de gritaria, lágrimas e aperto no peito. É a falta que invade o quarto e não pede licença. Domina a mente e o coração. Fica o espaço vago, incapaz de ser preenchido de um dia para o outro. São noites em claro, sem dormir, dias no escuro de saudade. Cheiro no lençol, guloseimas para distrair, álcool para tentar esquecer. São conselhos clichês, que se tornam irrelevantes diante de tanta dor. Pessoas preocupadas que parecem sufocar o nosso espaço. É música fossa, filme dramático e livro de romance. Deitar de atravessado para ocupar os dois espaços da cama, abraçar o travesseiro e viver de pijama. Enxergar a vida em preto e branco, e acabar ficando daltônico para o lado bom de ser solteira.
Ficar sem um amor é como tentar sair de um labirinto, mas perder-se sempre mais em cada esquina. Requer muito esforço e dedicação. Não acontece de um dia para o outro, exige persistência. É uma fossa que parece afundar mais com o passar do tempo. São flores secas, geladeira vazia, arrepio na pele. Inverno no verão. Tudo é frio, seco, inconstante. É uma fase que parece nunca acabar. As horas são intermináveis. Dá vontade de sumir, largar tudo para trás e seguir em frente com a cabeça erguida.
Frustrante é fazer planos com alguém que nunca irá realizá-los. Decepção. Medo. Angústia. Aflição. Tristeza. Tantos sentimentos agoniados, latejando por dentro. E, por fora, às vezes um sorriso frouxo. Dependência é a pior coisa que existe. O meu desejo, sinceramente, era te chamar e dizer o quanto estou sofrendo sem você. Mas você não merece saber, e eu aprendi, finalmente, a revidar quando o sentimento não é recíproco.
Hoje, se me perguntam, é inegável nos meus olhos o quanto eu chorei por você. Achei que o mundo fosse acabar. Decidi, então, que não te ligaria mais, que não te mandaria nenhuma mensagem. E não te procurei. Prometi a mim mesma que não perguntaria mais de você por aí, que evitaria te encontrar. E deu certo. Nenhuma dor foi maior do que a minha vontade de te superar. Agora, afirmo que te esqueci. Aconteceu, exatamente, aquilo que seu ego nunca te deixou acreditar: você me perdeu. Eu saí da sua vida pela porta da frente, e você não percebeu. Troquei a fechadura, você não vai mais entrar.
Me considero uma pessoa madura. Mesmo que o seu contato ainda esteja salvo no meu celular, que eu não tenha apagado a nossa última conversa, que você não tenha mudado de endereço, mesmo que o destino ou acaso me coloque frente à frente com você. Estou preparada para o melhor que está por vir. Aliás, falando nisso, sabe aquele espaço que era preenchido por você na minha rotina? Aquela que você participava de todos os passos? Agora ele está coberto. Logo eu, que sempre fui tão sua, voltei a ser, egoisticamente, minha.
Aprendi a fazer falta. Não fiz jogos de correr atrás ou demonstrar quem se importa menos. Não preciso publicar fotos da minha curtição do lado de fora. Eu também não divulgo os lugares que estou com intenção de chamar atenção. Não. Definitivamente, eu não preciso disso. Não preciso contar vantagem ou me mostrar superior à sua infantilidade. Aprendi a dar valor para quem realmente importa. Parei de me contentar com migalhas, quero me sentir inteira. Completa. Sigo sendo eu mesma, sem esperar qualquer tipo de atitude sua. Sem expectativas de melhorias. Tornei-me um desafio. E, dessa forma, aprendi que quando nos tornamos mais fortes, a conquista é ainda mais interessante.
Se algum dia você ler isso, saiba que eu te amei.
E, apesar de tudo, eu não vou odiar você.
Imagem de capa: Andrii ZHuk, Shutterstock