Aqueles que tiveram o privilégio de se tornarem pai ou mãe, com certeza entenderão o que pretendo dizer através deste texto. Talvez muitos não percebam que com o passar do tempo, os filhos crescem e se libertam. E essa liberdade abrange vários segmentos, tais como financeiro, emocional e inclusive para se tornarem pais também. Em muitos casos, o instinto de proteção maternal/fraternal é tão explícito, que não atentamos para esse processo, o que faz, na maioria das vezes, com que haja um enorme prejuízo na vida pessoal ou profissional dos filhos. Em muitos casos, essa interferência é tão prejudicial ao seu desenvolvimento natural, que a dependência se torna uma fraqueza na vida individual de cada um. Todos nós sabemos que não se pode abdicar da posição de mãe ou pai, porque esse posto é para sempre. É importante ressaltar que a presença, principalmente da mãe, é necessária em qualquer fase da vida, prova disso é que, nos momentos de dificuldades, primeiramente a gente se lembra da mãe, afinal não existe outro ser terreno disposto a amar tanto quanto uma mãe ama um filho. Há, entretanto limites a serem observados quando se trata de proteção. Chega um dia em que o filho quer criar asas e alçar voos por conta própria, uma vez que estão “criados” e precisam de liberdade para viver sua própria vida afetiva ou profissional – Certa vez, fui advertido por chamar de menino, meu filho de 27 anos, que estava na segunda faculdade – Pois é, as coisas mudam muito. Com a independência, muitas vezes, os filhos querem nos expulsar de suas vidas, porque têm novas perspectivas e sempre têm diante de si, novos horizontes. Querem formar novas famílias, o que é salutar, pois faz parte da ordem natural da vida.
A verdade é que os pais temerosos ainda tentam segurá-los, salvo alguns casos, porque ao se “jogarem no mundo”, segundo esses pais protetores, os filhos não tem nenhuma segurança. Mas de que segurança estariam falando? Ninguém começa a própria vida sem viver algo novo, sem arriscar, sem acertar e errar, sem se frustrar e tentar de novo até acertar, sem passar por dificuldades, e por fim aprender como é verdadeiramente a vida. Não pode haver amadurecimento sem passarem por certas experiências, concordam? Enquanto os filhos observam alguns critérios e analisam possibilidades, eles crescem e evoluem, isso é visível para o mundo inteiro, exceto para os pais. As mães, por outro lado, não veem o tempo passar e continuam se desdobrando para cuidarem todos os dias de “marmanjos” que elas julgam nunca crescerem. Embora alguns ainda não decidiram se querem crescer. Mas chega um dia, no qual cada filho tem que se tornar autônomo, dono do próprio nariz, mostrar-se uma pessoa melhor porque teve tempo com os pais para que tenha formado um bom vínculo com a família, caso contrário, não há como voltar atrás, o tempo passou e tudo se perdeu. E como dizem: “Um dia seus filhos vão dormir pequenos e acordarão grandes.”.
Para finalizar, O ideal é entender que, para os filhos, sentimentos como amor e proteção têm um significado diferente do que para os pais. Com certeza as decepções e os medos serão como um convite a ponderar que o amor é sempre o melhor caminho. E quem ama, deixa livre.
É inútil esperar que os filhos, ou aqueles que estão sob nossa proteção, sigam a mesma trajetória de evolução que seguimos. Esse fato serve, até certo ponto, para mostrar a enorme responsabilidade que é ser pai ou mãe. (Mahatma Gandhi)
Somos apenas doadores para essas criaturinhas chamadas filhos. Doamo-nos por inteiros e recebemos as promessas de estima e amor. Muitas vezes, com o coração aflito, nos induzimos à culpa por não termos feito tudo aquilo que julgamos possível, mas nos permitimos sofrer e mergulhar nas lembranças quando eles se vão. Isso é o que nos diferencia das pessoas comuns. Somos simplesmente pais que convivem amigavelmente com a impossibilidade de crescimento dos nossos filhos. Porque filhos serão sempre, aos olhos dos pais, bebês gigantes. Mas infelizmente os filhos crescem, e o tempo não volta. O amor por eles, entretanto, permanece eternamente.
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