Moça, apaga essas mensagens, deleta essas linhas. Tem coisas que devem ser ditas olhando nos olhos, por mais difícil que isso seja. Vai, controle esses dedos. Fecha o WhatsApp e vai ver o mundo lá fora. Perca-se olhando o mar, nenhum tempo é perdido quando se está sentado na areia salgada. Reinvente-se. Não é errado se permitir desacelerar os passos. Vai, freia. Se afasta de tudo que pode te tentar. Reorganiza os pensamentos ou fique só ali, sentada, pensando em coisa alguma. Esvazia a mente. De tudo. De todos. Inunde o pensamento com o nada, ou com alguma música bonita, dessas que te faz rir — sem pensar em ninguém.
Vai moça. Esquece esse mundinho só por um segundo. Controle-se. Engole essas palavras que querem voar. Se não conseguir, converse sozinha. Converse com o céu, que tá bonito hoje. Converse com a florzinha que você ainda não deu água e aproveita para hidratar. A flor, a alma. Jogue as palavras no vento e deixe que o vento carregue, junto o que dente de leão que você acabou de assoprar. Quem sabe o vento leva para algum lugar esses sonhos e vontades e palavras. Descomplique-se, moça. A vida já é complicada demais,
Moça, fecha os olhos. Inspira. Expira. Dez vezes, ou quantas mais precisar. Eu deixo a imaginação te trair, porque despende um riso bonito, no canto. Saboreia esse doce segredo, que é pra ver se cala essas palavras não ditas. Eu te falei que tem coisas que devem ser ditas olhos nos olhos, por mais difícil que seja. Então vai, moça. Controla esses dedos. Vai ver o mundo lá fora. Esvazie a mente olhando o mar. Perca-se nos pensamentos e fique ali, sentada, saboreando o doce que faz despender num segredo um sorriso…
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