Ela se manifestará de várias formas, muito provável quando as situações descontroladas acontecerem com frequência. Será que ela nasceu com aquela tarde de domingo, por que na segunda teve aquela reunião importantíssima?; foi a procura difícil pela melhor roupa para a formatura?; foi aquela discussão sadia com o amor, ficando no ar o que ela talvez queria e por medo de escolher errado, e não agradá-la, comprou todas as opções?, como saber? É difícil dizer.
Distinguir a gravidade de cada situação é impossível. Tudo é prioridade. Nada é dispensável. Tudo é para já; o presente é feito para viver futuros para os ansiosos.
Quando alguém ansioso perde o controle sobre alguma coisa, antecipadamente, busca recuperá-lo. Quando alguém diz “a”, entende-se “b” e com urgência trata logo de cumprir a ordem. Tudo é mandatório. É preciso antecipar. Vai que… chegue amanhã e encontra-o desprevenido. De mãos atadas com a falta de preparo. Dá medo. Aflição. É preciso resolver o que não há de ser resolvido. Entretanto, na maioria das vezes, nada demais acontece. Mas, já está lá buscando alternativas, soluções, explicações e saídas das situações que, apesar de preocupantes, não chegavam nunca a acontecer. É agoniante a espera.
Quantas respostas as pessoas ansiosas formulam na cabeça? Tantas respostas que nunca chegam a serem ditas. É frustrante se engasgar com as sentenças formuladas. Com as palavras escolhidas minuciosamente – com devida atenção – para amarrar todas as pontas dos questionamentos que tiram noites de sono revigorante. Resultado? Dias sobrecarregados de ideias nos ombros. Pesa. No entanto, é tão difícil desligar o botão do “resolva rápido”, e acalmar a agitação interna. Quem consegue entender? Apenas quem sente a necessidade do agora.
Situações diferentes incomodam. Mudar o percurso, desafiador. Porque não se sabe o que acontecerá. Não tem plano de emergência para o futuro quando o futuro é desconhecido. Não é divertido. É assustador lidar com a urgência do tudo. É preciso planejar o dia a dia para evitar atitudes espontâneas. É preciso antecipar o que será dito antes mesmo de ser perguntado. A ansiedade é uma estrada assustadora para o futuro, porque não há história sem presente. Ansiosos não vivem no presente. Não é como se pudesse simplesmente não sentir, apenas sentem.
Com o tempo passam a se isolar de todos. Desligam o telefone. Desmarcam compromissos em cima da hora. Não dão mais carinho e nem querem recebê-lo. Ninguém entende o que está passando dentro dos ansiosos. Sorria, vá se divertir. Pessoas insensíveis afirmam atitudes que deveriam ser tomadas pelos ansiosos, como se fosse fácil, como se fosse tranquilo. Atitudes são presentes. O presente pouco importa. A preocupação constante de não agradar ou de não saberem a resposta os ancoram sobre a cama. A ansiedade pesa. Comprimi. Vira pânico se não tratada.
Tudo é para ontem para gente ansiosa. Não apreciar os pequenos momentos do dia a dia é ausência de tranquilidade. Viver com a cabeça no futuro é deixar passar a importância do presente. Mas, não é tão simples abrir a guarda da segurança quando todos apontam para chamar a pressa de drama. Não é drama. Não é carência de ser percebido. Não é necessidade de agradar, ou de se defender do inexistente. É… apenas… pressa. E a pressa é inimiga da perfeição.
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