Você não sabia, mas atrás dessas tuas costas, feitas para carregar o mundo, estavam guardadas duas asas. Ninguém te contou isso, foi só quando o teu mundo ruiu que você entendeu que podia voar.
Você escorregou num buraco fundo, feito Alice e achou que tudo era só escuridão, mas eis que, de repente, tuas asas de anjo começaram a bater.
Que lindo ver você surgir assim, feito ser alado, enchendo de admiração os olhos dos passantes da vida. Olhos daqueles que, muitas vezes, duvidaram da tua força.
E pensar que você tinha medo que um dia isso acontecesse. Às vezes, apenas uma queda pode nos fazer tocar o que há de mais profundo em nós. Apenas uma dor latente pode trazer à luz o ser alado que nos habita. Pode revelar forças e vocações adormecidas. Pode indicar caminhos que não veríamos com os pés no chão.
Cair, muitas vezes, pode significar a morte, não da vida, mas daquilo que já não faz mais sentido. Cair muitas vezes pode revelar verdades escondidas, indicar caminhos e calar medos bobos.
Você passou por muita coisa. Você provou da vida. Deixou-se tocar pelo que parecia irremediável e hoje é plenamente capaz de enfrentar seus medos. O monstro do armário te pegou e te arrastou para dentro dele e você teve forças para sair de lá. O armário não era o fim, agora você sabe disso.
Você provou da tua força e descobriu que há uma beleza única em se regenerar. O mundo não é mais o mesmo. Agora você sabe. Agora você entende de finais e recomeços. Agora você pode, simplesmente, voar!
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