Por Isabela Nicastro – Sem Travas na Língua
Há uma linha tênue entre o amor e a possessão. É realmente difícil amar e deixar livre. Amar e respeitar as diferenças. Amar e não participar de tudo na vida do outro. No entanto, dizem que o segredo para a felicidade de um relacionamento consiste exatamente nisso: deixar que o parceiro ou parceira viva sua própria individualidade. Só que essa missão não é das mais fáceis. Que atire a primeira pedra quem acha o contrário.
Dentre todas as questões a se preocupar em um relacionamento, essa não deve, de modo algum, ser desconsiderada. É difícil manter a individualidade dos dois quando o amor quase os torna um. É um desafio não querer que o outro se anule ou, mais do que isso, não se auto anular por alguém. O desejo é agradar, é ser aceito, é fazer com o que o amor cresça mais e mais. Nessa tentativa desenfreada dos amantes, manter o seu próprio eu é para os fortes.
A meta serve igualmente para os dois lados de uma relação. Do mesmo modo que não é legal exigir que o outro se prive da própria personalidade, também não é para se privar da sua. Ao invés de ser uma demonstração de dedicação e disposição, anular-se é contribuir para o fim a conta-gotas de um relacionamento. Nos apaixonamos pelas personalidades um do outro, portanto, anulá-las seria sucumbir, definitivamente, ao fracasso.
Eu não sei qual é o caminho para ser bem sucedido nessa missão. Um manual de instruções, nesse caso, seria muito bem-vindo. No entanto, acredito que o caminho seja não esquecer de como os amantes eram enquanto solitários. O chopp com os amigos ainda é importante. O dia de pizza com elas também. O tempo para a leitura, para um filme, para uma caminhada sozinha. Alguns de seus hobbies, hoje, podem ter a companhia do seu parceiro, no entanto, todos dependem apenas de você.
A saída não é desconsiderar o desejo do outro, a preocupação, o ciúme. Pelo contrário, respeitando tudo isso, em alguns momentos, ainda é preciso manter a individualidade. Além de ser saudável para a relação, traz junto a saudade, a vontade de estar novamente com o outro. O amor só fica onde há personalidade. Portanto, mantenha a sua e zele pela do outro.
Fonte indicada: Sem Travas na Língua
Imagem de capa: OLEH SLEPCHENKO, Shutterstock