Por Isabela Nicastro – Sem Travas na Língua
Às vezes, amamos tanto que dá vontade de “guardar em um potinho”. De deixar lá, para admirar, proteger e livrar dos sofrimentos e ameaças do mundo lá fora. Mas aí, o pote, mesmo rodeado de muito amor e carinho, torna-se prisão. E é o que também acontece com os pássaros. Quando eles são poupados do habitat natural e da própria liberdade, sucumbem. São colocados em gaiolas e, apesar do melhor cuidado, não resistem.
Por isso, há um sério risco quando o amor se torna gaiola. A partir do momento em que isso acontece, ele deixa de ser aconchego para se tornar um peso. Deixa de ser liberdade para se tornar prisão. Deixa de trazer sorrisos, para trazer lágrimas e discussões. Para que ele seja ninho, deve haver respeito entre as individualidades de cada pessoa. O amor deve andar lado a lado da liberdade e, em nenhum momento, se tornar maior do que ela.
No entanto, a teoria é um pouco mais simples e fácil do que a prática. É complicado não confundir amor com posse. Entender que o outro tem o seu próprio tempo, as suas particularidades, a própria vida. Apesar de fazermos parte da vida do outro, ela é exclusivamente dele, pois já existia muito antes de estarmos presente. Mas, como o coração é tolo e burro em alguns momentos, ele parece não entender que amar não é controlar.
E nem sempre é nossa culpa ser assim. A grande razão em colocar alguém em uma “gaiola” está na insegurança. O receio de perder e de se sentir ameaçado por outras pessoas só deixa claro a insegurança que se tem. Esta que deve ter causas mais sólidas na infância, na adolescência ou em situações traumáticas da vida. Ninguém nasce desejando ser inseguro. Queremos autoconfiança, segurança e autoestima, mas isso, nem sempre acontece, em 100% do tempo.
Portanto, é essencial detectar o que nos deixa inseguro. Aquilo que é realmente a causa de uma briga, apenas porque ele resolveu sair com os amigos. Ou porque ficamos tão magoados se não estamos juntos da pessoa amada. Se queremos prender alguém, é porque tememos algo. E temer é um problema exclusivamente nosso, independente do que o outro faça ou deixe de fazer.
É preciso confiar, apesar do medo. É na liberdade que o outro pode identificar a grandeza do que realmente sente e, a partir disso, voltar para o nosso abraço. E aí, é possível fazer do amor um ninho, em que podemos nos deitar no colo um do outro e desfrutar da sensação de amar e ser amado.
Fonte indicada: Sem Travas na Língua
Imagem de capa: wk1003mike, Shutterstock