Suculenta Cicatriz
Folha. Corte. Está ferida.
O que houve?
Não se sabe ao certo… vagas memórias, ou memórias confusas, vividas ou criadas. Mas, ela, folha suculenta, tão forte e resistente às intempéries… de repente,  é dor.
Separada do caule mãe, ela sangra. Sangue seiva.
Quer esconder o corte. Quer esconder a dor. Enterra-se.
Sem ar, sufoca-se. Precisa respirar. Sem pressa.
Mas, como desenterrar-se? Mostrar o romper daquela que até provê água na seca?
Levanta-se. Frágil e forte. Precisa respirar. Sem pressa.
Ferimento limpo, ela respira. Sem pressa.
Sobre a terra fértil, a folhinha descansa. Terra que acolhe, colo que cuida.
Agora dói menos aquela dor. Respira.
Tempo ameno. Sem pressa.
Agora… Cicatriz.
O Caule Mãe, rapidamente regenerado, aguarda por este momento tão rico da suculenta filha folha. Cicatriz. Marca da explosão de vida que virá!
Da Suculenta Cicatriz nascem brotos, anúncio de novas folhas.
Floresce.
E a parte antiga? Por fim, será adubo!
(Sobre a regeneração de uma folha suculenta – 11.08.17)
Imagem de capa: shutterstock/ sondem


LIVRO NOVO



Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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