Dê um tempo quando o stress for maior que a alegria do sorriso espontâneo. Dê um tempo quando o cansaço do trabalho for maior que a satisfação de usufruir de um bom emprego. Dê um tempo para os estudos, de vez em quando, para assimilar melhor o conteúdo. Dê um tempo das baladas, dos bares, da agitação; calmaria em excesso também cansa, então saia por aí para conhecer coisas novas. Dê um tempo da rotina; dê um tempo de pular de galho em galho, e não construir raiz. Mas, não dê um tempo do amor se ele ainda existir.
Eu não acredito na frase “vamos dar um tempo?”. Para mim, isso não funciona. Estamos juntos ou estamos separados. “Dar um tempo” do relacionamento, por qualquer motivo, é um tiro no pé… A gente dispara na intenção de movimentá-lo rápido. Para testar o nosso reflexo. Mas, acabamos nos machucando ou, o projétil chicoteia e machuca o outro. Nunca fica por isso só.
Haverá fases dentro do relacionamento que as coisas não irão muito bem. E, infelizmente ou, felizmente, isso é muito bom. O que acontece quando a linha do eletrocardiograma alcança a linearidade? Sem altos e baixos ele encontrará a paz? Quando cessa a atividade elétrica do seu coração ele ficará bem? Não. Na linearidade o coração para e morre. Você não consegue dar um tempo só em cima ou, só em baixo, é necessário ir de um para o outro constantemente para viver. Não é diferente nos relacionamentos. Nunca estaremos só em cima. Nunca estaremos só em baixo.
Eu acredito na frase “vamos conversar?”. Conversar é sempre o melhor dos caminhos para quando as coisas estão muito bem. Quando a felicidade chega a gente a convida para entrar e bater um papo gostoso. Cheio de sorrisos. Cheio de prazeres. Quando a infelicidade chega a gente a convida para conversar seriamente e, assim, entender os porquês do mau humor. Às vezes, pequenos mal entendimentos do dia a dia tornam-se grandes problemas quando não são esclarecidos. Deixar para amanhã é sempre adiar uma dor que poderia ser evitada. Se, conversada e, entendida.
Quando damos um tempo da relação para ir viver, no propósito de se entender, no propósito de esfriar o desentendimento da relação, abrimos espaço para terceiros interagir com a gente em uma fase vulnerável. Se, lá no fundo, existir amor, esse amor pode ser destruído de vez. E a temporária separação que era para ser um breve momento de uma história linda, torna-se definitiva.
Por isso eu não acredito em “vamos dar um tempo” e prefiro “vamos conversar?”. Se entender é melhor do que se esquecer. Os casais mais felizes não são aqueles que possuem a melhor química no beijo; casais felizes não tem nada a ver com o quão gostoso é o sexo que praticam, sem pudores, só entregas; para serem felizes não dependem das viagens que fazem juntos, ou separados; casais felizes não são predestinados a serem felizes por si só, e pronto. Casais felizes são aqueles que, em todas as situações, se entendem através de um bom bate papo; e vale desde a conversa de elevador até aquela regada a risos descontraídos. Casais felizes são aqueles que lidam com os altos e baixos do relacionamento. Conversando, sempre.
Imagem de capa: Breslavtsev Oleg, Shutterstock