Ninguém deixa solta uma pessoa que considera um prêmio, diriam aqueles que acreditam que quem ama é capaz de tudo. Eu diria que quem ama é capaz de quase tudo, inclusive de se afastar, quando for a melhor solução. Usar o amor, um sentimento tão puro e bonito, para manter alguém por perto quando não há reciprocidade é masoquismo.
Talvez, o outro ainda não esteja preparado para corresponder ao que sentimos por ele, talvez, motivos de força maior contribuam para que as coisas continuem como estão e para que nada aconteça. E, nesses momentos, devemos agir com calma e ter a serenidade de perceber que, talvez, seja melhor assim. Saber deixar o tempo maturar as coisas.
Isso não quer dizer que vamos conseguir nos desfazer facilmente do que sentimos. Ninguém troca de amor como troca de roupa. É comum aquela sensação que Neruda descreveu perfeitamente, aquela saudade quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já… Devemos aprender a lidar com esse sentimento, canalizá-lo em outras coisas. De duas uma, ou chegará o dia em que finalmente ele será correspondido, ou uma hora se transformará numa vaga lembrança, como tudo o que não permanece.
Devemos aprender a deixar livre para ir aonde quiser, aquele que sabe onde nos encontrar. Nem sempre quem se afasta é porque não quer ficar, às vezes, se afastar é uma declaração de amor.
Me afastei porque não suportava ver meus sentimentos serem reduzidos a meras expectativas, me afastei porque respeito sua opinião de que a distância é um grande empecilho, apesar de discordar. Me afastei porque dói demais estar tão perto e tão distante ao mesmo tempo. Me afastei porque espero que quando você sentir minha falta, que venha me buscar. Me afastei, porém nunca escondi que quero voltar…
Imagem de capa: Izabela Magier, Shutterstock