Uma acorda… a outra adormece, imediatamente.
Vivem como se não e conhecessem.
Bem, na verdade, não se conhecem mesmo, apenas habitam o mesmo corpo.
A razão vive voltada para assuntos perturbadores, querendo entender tudo.
Anseia por consertar o mundo.
Vive desesperada por aprender o que ainda não sabe.
As injustiças a inquietam, incomodam, provocam.
Ansiosa por absorver mais e mais coisas, a razão é sábia, embora julgue-se pouco esperta.
É linear e lógica.
Encontra respostas para perguntas angustiantes.
É reflexiva e densa.
Gosta de ser desafiada.
Mas pensa conhecer seus limites, e exatamente por isso, tenta não se arriscar.
Busca um sentido pra vida.
Vive por um ideal.
E seria capaz de qualquer coisa em nome do que acredita.
A razão acredita.
A emoção é completamente maluca.
Não precisa se ocupar com assuntos perturbadores, pois vive perturbada.
Não entende nada de nada, muito menos a si mesma.
A emoção anseia por um mundo perfeito, mas não tem ideia de por onde começar.
A emoção não precisa aprender nada. Sente, pressente, adivinha.
A emoção se insurge contra as injustiças (todas) como se nunca fosse morrer ou ser ferida.
Absorve tudo ao seu redor e pensa que tudo, tudo mesmo, tem conserto.
A emoção não faz ideia do que seja sabedoria, muito menos esperteza.
É tola, ingênua, pura.
É sinuosa, cheia de caminhos secretos e desconhecidos.
Nunca acha respostas, porque nem sabe o que deve perguntar.
É fugaz e etérea.
Vive além do limite do risco.
Desconhece a prudência.
Está sempre mergulhada no sentido da vida.
É ao mesmo tempo ideal e impossível.
É explosão, processo e fim. Tudo misturado.
Caótica.
A emoção não crê em nada, porque é capaz de enganar-se a respeito de tudo.
E desconfia que a razão nunca tenha existido!
Imagem de capa: Ditty_about_summer, Shutterstock