Imagem de capa: Balaguta Evgeniya, Shutterstock
Vamos acordar da ilusão que permeia a nossa vida e abraçar o momento em que de fato ela acontece! A verdade é que a grande maioria de nós vive a vida dormindo. Ou melhor, caminhando pelos estados de sono conforme a vida vai acontecendo. Muitos de nós dormem por estarem focados no eu inferior, famoso ego.
Outros são os “zangados”, dormem por estarem sempre reagindo, reclamando, vitimizados e insatisfeitos. E alguns, tiveram um/uns insights e estão acordando. Os focados no ego e os “zangados” carregam várias similaridades, especialmente o fato de que estão sempre no papel de vítima.
É como se tudo na vida girasse ao seu redor e, na grande maioria dos casos, de forma negativa. Estão sempre insatisfeitos, sempre com uma fala carregada de reclamações. Não costumam assumir responsabilidade pelas suas escolhas e os outros são sempre os vilões. O trabalho, o namorado (a), a mãe ou pai, ou os dois… nada ou ninguém está a favor das suas vontades, ou são os culpados por você agir do jeito que age.
As expectativas para suprir os desejos do ego são profundas e sempre projetadas no outro, e talvez por isso as frustrações são sempre significativas.
Talvez eles até saibam que agem assim. Talvez, em algum momento até estejam se sentindo bem, se sentindo de alguma forma plenos, mas por um condicionamento mental repetem o comportamento e escolhem permanecer nesse papel.
Os que estão acordando conseguem ter uma percepção mais ampliada dos próprios comportamentos, pensamentos e atitudes diante das situações. Percebem seus medos, suas repetições, suas válvulas de escape e não estão satisfeitos com o vazio de uma vida pautada no eu inferior. Sabem que são os únicos responsáveis pelo rumo que suas vidas estão seguindo. Estão atentos para os sinais do verdadeiro eu, estão em busca do propósito maior.
Nesse estado do acordar a pessoa começa abrir mão do controle. De tentar controlar tudo. De planejar cada mínimo detalhe da vida. Ela é livre para escolher e para acolher o que vier. No completo oposto a deixar as coisas fluírem, um clássico exemplo entre as mulheres do ponto de vista do ego ainda é:
‘Tenho 23 anos. Aos 25 tenho que conhecer o meu futuro marido. Imprescindível aos 27 ficar noiva para então ter 1 ano para planejar o casamento. Aos 29 casar. Aos 32, dois filhos, casa, cachorro, carro do ano.”
Sim. Vivemos em tempos modernos. Mas, ainda assim, é incontável o número de jovens mulheres que ainda veem o casamento como um propósito de vida. A diferença é que hoje esse propósito vem associado com uma carreira bem-sucedida.
Muitas mulheres vivem em prol de arranjar alguém que irá cumprir com o idealizado. E nessa sina e saga do ego, às vezes, mesmo que o coração esteja gritando: FAÇA A MALA E VÁ VIAJAR, ela está tão apegada ao “planejamento do amor” que condicionou a si mesma e opta por suprimir o verdadeiro eu e ceder ao eu inferior.
Numa outra perspectiva, o número de mulheres extremamente magoadas e frustradas com o não acontecimento do “plano” é grande. E com o apego a essa ilusão de propósito, geram-se sintomas, ciclos negativos e amargura.
Sendo assim: Como estar aberta para o amor chegar? Como confiar e respeitar? Como esse relacionamento pode ser saudável?
Aos que estão acordando, ouvir a intuição, o coração, já não é mais uma opção. O coração fala tão alto que eles não conseguem fingir que não ouviram. É um fato para essas pessoas que o controle de tudo é uma ilusão. E que a tentativa poderá ser frustrante. E é aí que eles percebem que não controlando, a paz entra. Que não forçando, o outro vem. E a vida fica leve e cheia de surpresas.
Não podemos controlar como nos sentimos com relação a algo ou a alguém. Se sentimos, sentimos.
Não podemos controlar como o outro sente ou age.
Não controlamos o tempo. O mar. A chuva. O vento.
O que temos não é o poder do controle. Mas sim o poder da escolha.
Independentemente do estado de sono que esteja, estamos vivos e TODOS somos presenteados com a oportunidade de acordar, de buscar nosso desenvolvimento e auto realização. Estar vivo já é o presente. E poder acolher esse presente da maneira mais honesta será nossa maior recompensa. Essa é a nossa principal escolha.
A grande diferença entre os estados de sono é a tomada de consciência. É o autoconhecimento. É sair da zona de conforto e entrar numa zona de aprendizagem sobre si mesmo. É identificar o porquê de agir assim ou assado. É observar os pensamentos e não julgar. É poder ser honesto com você e ser honesto com os outros com relação a quem você é.
Comece então por essa pergunta: Quem em você quer o marido, os dois filhos, a casa e carro do ano? Ou, quem em você precisa ser gerente até os 27 anos? Ou, quem em você só quer postergar os planos para amanhã?
E quando eu atingir esse projetos megalomaníacos do futuro, vou me sentir mais pleno ou mais feliz? Será? De onde vêm esses desejos?
Independentemente de qual seja seu estado de sono, desafie-se a entender: porque quero / tenho que ter tudo isso? Porque não consigo me planejar para fazer o que quero? Porque prefiro viver dormindo?
No mundo em que vivemos, você é seu problema e também sua solução.
Eckhart Tolle em “O poder do Agora” cita: “Ao partir numa jornada é claro que ajuda muito sabermos para onde vamos ou, ao menos, a direção geral que estamos tomando. Entretanto, não podemos esquecer que a única coisa real sobre a nossa jornada é o passo que estamos dando nesse exato momento. Isso é tudo que existe.”
Não é à toa que o sinônimo de agora é presente.
Pergunte a dez pessoas próximas a você o que essa pessoa fez na semana passada. Pelo menos sete das dez vão ter dificuldade de responder. Porque a verdade é que passamos a vida na ansiedade do que vamos fazer amanhã ou remoendo as feridas do passado.
Nossa mente grita as regras de stress, depressão e ansiedade e nosso coração tem medo de entrar nesse embate.
Mas a saída está em ligar a mente e coração. Se souber usar a mente a seu favor e estar consciente a cada detalhe, não haverá mais a percepção de que a vida é muito curta. Você estará de corpo e alma, literalmente, e todo momento será válido.
Como Charles Chaplin não poderia ter dito melhor:
QUANDO ME AMEI DE VERDADE…. (SABER VIVER – POR CHARLES CHAPLIN)
Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome… AUTOESTIMA.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades. Hoje sei que isso é…AUTENTICIDADE.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de… AMADURECIMENTO.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é… RESPEITO.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável… Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama… AMOR PRÓPRIO.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é… SIMPLICIDADE.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes. Hoje descobri a… HUMILDADE.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é… PLENITUDE.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é… SABER VIVER!!!”
Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa, texto de Juliana Salgado