Imagem de capa: Aleksey Sagitov, Shutterstock
Tem gente que para de comer carne vermelha. Faz muito bem. Gente que deixa de fumar. Ótima ideia. Há pessoas que param de beber, cortam as frituras da dieta, abandonam o vício de roer as unhas, evitam lavar o cabelo à noite e essas coisas que previnem doenças, fazem bem à saúde e aumentam a qualidade de vida. Apoio todas elas. Mas eu encontrei minha própria receita de sanidade: decidi não perder mais tempo em fila.
Não perco mesmo. Tomei essa decisão há tempos e atesto: ela mudou a minha vida. Salvo em casos de absoluta necessidade – os ligados a atendimento médico, por exemplo – em nenhuma outra situação eu tolero perder um só segundo num alinhamento sequencial de pessoas à espera de seja lá o que for.
Fila de uma hora para entrar em um restaurante? Nunca! Duas horas aguardando para ver de perto um palestrante a quem eu posso assistir na Internet? Jamais! Quatro horas para entrar em uma exposição de arte que a crítica diz que é boa? Nem pensar! Fila no cinema? Não, obrigado. Eu dou um jeito de ir a uma sessão mais vazia ou não vou.
Acredite. Não é que eu me ache melhor do que aqueles que não veem problema em perder longos instantes olhando as costas de um desconhecido, não. Eu só me dei conta de que posso muito bem viver sem isso. Se o que está ao fim da fila não for fundamental para a minha sobrevivência, eu passo longe. Só pego fila em último caso, por obrigação.
Minha resolução tem inúmeros benefícios. Nunca mais me irritei ao ver gente furando fila em total descaramento. Não sou obrigado. E com o tempo que não perco em filas enormes eu faço o que bem entender. Inclusive não fazer nada.
Sabe aquela sensação de alívio dos que passam com tranquilidade no pedágio automático enquanto uma multidão de carros se enfileira nos guichês de cobrança manual? É o que eu sinto quando passo por qualquer fila em que não quero e não preciso entrar.
Juro. Agradeço a Deus quando isso acontece e faço comigo uma pequena oração pelas pessoas que ali estão, por qualquer motivo, gastando seu tempo já tão curto em uma longa e aborrecida espera em pé. Lastimo sua necessidade e respeito sua decisão, mas sinto uma leveza enorme ao olhar uma fila quilométrica, passar ao largo e repetir a mim mesmo: “nem pagando!”.