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Existem pessoas que, embora clamem por ajuda, por uma solução, por algum remédio que lhes cure, que lhes clareie os passos, que lhes expulse daquele estado de tristeza e comiseração, na verdade não querem receber ajuda, não irão aceitá-la, pois já se acostumaram com a tristeza e dela fizeram seu meio de vida.
Uma das coisas que mais nos infelicitam é vermos pessoas de quem muito gostamos sofrendo, passando por dificuldades, tristes e com problemas para viver em paz. Não conseguimos estar bem, caso haja alguém muito próximo de nós enfrentando situações difíceis. Por isso é que nos dispomos a ajudar, a acolher, na tentativa de amenizar a dor alheia, para que possamos também seguir mais tranquilos.
No entanto, muitas vezes nos sentimos impotentes, incapazes de oferecer algum tipo de consolo, de ajuda, pois parece que nada será capaz de poupar o outro da tempestade que assola a sua vida. Quando há muita afetividade envolvida, torna-se ainda mais penoso adentrarmos a escuridão de quem amamos, com a força necessária para que o reergamos e o retiremos de lá.
Infelizmente, existem pessoas que, embora clamem por ajuda, por uma solução, por algum remédio que lhes cure, que lhes clareie os passos, que lhes expulse daquele estado de tristeza e comiseração, na verdade não querem receber ajuda, não irão aceitá-la, pois já se acostumaram com a tristeza e dela fizeram seu meio de vida. Sofrem muito, mas não conseguem conceber algo que não traga dor e tristeza.
Como diz o senso comum, o perigo de tropeçar reside na possibilidade de se apegar à pedra, ou seja, a gente se acostuma com tudo, até mesmo com o que faz mal. Isso porque, para podermos ser resgatados de nossas misérias emocionais, teremos que querer nos livrar delas, porque não dependerá somente da ajuda alheia, mas em muito necessitará do nosso próprio empenho, de nossa força de vontade.
Enfrentar a dor implica enfrentar os nossos medos, os nossos erros, as escolhas equivocadas que acumulamos, as pessoas erradas que trouxemos para nossas vidas, tudo, afinal, que é fruto do que nós próprios fizemos, porque assim o quisemos. Ninguém enfrenta o mundo lá fora sem antes encarar a si próprio de frente, assumindo a responsabilidade que lhe cabe nessa bagunça toda em que se encontra.
Portanto, é nosso dever tentar ajudar a quem precisa, porém, é nossa obrigação perceber se realmente nossos esforços estão surtindo ou não algum efeito. Muitas vezes, teremos de nos afastar desse tipo de pessoa, para que não gastemos energia inutilmente, para que não sejamos nós tragados para dentro das ventanias que não são nossas. Negar ajuda é imperdoável, mas deixar de ajudar quando o outro não estiver pronto para o enfrentamento será providencial, para que talvez ele se conscientize do que precisa e para que nós próprios fiquemos inteiros, para podermos ajudar a quem realmente esteja o querendo.