Imagem de capa: mpaniti, Shutterstock
Quem nunca sentiu que faltam palavras para expressar um sentimento?
Quem nunca sentiu o peito cheio de vontades e emoções e não encontrou um verbo para nomear tudo aquilo?
Quem nunca se expressou amparando-se no silêncio, na linguagem dos olhos, das as mãos, nas entonações da respiração?
Quem nunca falou um texto todo dando voltas em frases e períodospara tentar descrever uma sensação, um sentimento que uma ou poucas palavras não davam conta de traduzir?
A linguagem humana, apesar de tão rica, às vezes é limitada para expressar, nomear ou definir.
A poesia e outras expressões artísticas tocam nesses espaços sem nome, nesses sentimentos sem verbete de dicionário, encontram e rompem conceitos cristalizados fazendo emergir significados ocultos por trás da dureza e da linearidade das palavras cotidianas. Acredito que por isso a poesia surpreende, desperta, instiga.
Nessa falta de nomes ideais para expressar sentimentos, sensações e experiências, alguns escritores criam neologismos que são expressões novas formadas no interior da língua. Palavras justapostas, aglutinadas, estrangeirismos, arcaísmos, onomatopeias entram na constituição desses vocábulos. Os professores de gramática e literatura sabem explicar tudo isso muito melhor que eu.
Mas, me amparando na liberdade poética, e pela vontade de nomear sentimentos que ainda não têm nomes (ou pelo menos eu desconheço), quis me aventurar na criação de alguns neologismo que definem o que já vi e senti.
Assim, compartilho aqui com vocês alguns verbetes do meu pequeno dicionário de neologismos para sentimentos sem nome.
É no mínimo divertido!
Ao final, me digam se vocês também já tentaram expressar esses sentimentos. E, quem sabe, sugiram novos vocábulos ou sentimentos que ainda não têm nome.
Segue o dicionário:
Alucilúcido – sobriedade que surge num momento de loucura.
Besteirohoólic – pessoa viciada em falar besteira.
Dejamar – reencontrar alguém que não se conhecia.
Desbramimvar– descobrir um lado em si mesmo desconhecido.
Desexistir– desistir de existir em uma sentimento ou sensação.
Desprendicto–aquele que é apegado em ser desapegado.
Embatuamar–aquele sentimento mal cozido, emplastado que saiu errado e não caiu bem.
Estraninho– sentimento de estranheza em seu próprio ninho.
Familigeiro – pessoa que se sente familiar em um ambiente estrangeiro.
Felicinada – asensação de tristeza ou de vazio num momento de alegria.
Imagitalgia – aquela sensação de saudade de algo que nunca aconteceu, que apenas se imaginou.
Interceptamor – quando se interrompe um amorbem no auge do sentimento.
Ordinusitado – o inusitado que surge de ações ou sensações cotidianas.
Pathossídio– quando se assassina uma paixão dentro de si.
Polisolidão – é sentir a amplitude de ser num momento de solidão.
Risadoterapia – lavar a alma de tanto rir.
Sentimefação – quando sentimentos apodrecem de tão maduros.
Silenciser– necessidade de ficar em silêncio e apenas ser.
Subjetivometro – quando o olhar e o coração dão os pesos e as medidas a uma coisa ou pessoa.
Visionagem– A linguagem dos olhos
Estas foram algumas amostras desse meu pequeno dicionário. Espero que tenham se empatigostado! ?