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É difícil — muitas vezes — organizar as ideias que pulsam loucas dentro da gente e por num pedaço de papel em branco. Já li diversos poemas, de ótimos autores, que falam do terrível medo da folha em branco, da imensidão de possibilidades escondidas naquele papel vazio. O tudo que há para se dizer, mas não foi dito. As cartas de amor que ficaram sem remetente. As verdades escondidas no mais íntimo… Tudo disfarçado pela brancura do papel.
Os dedos tamborilam afoitos na ânsia de escrever o que pulsa. As palavras voam desconexas e tímidas, e, uma a uma, se aglomeram no fundo da garganta, sufocando aos poucos. Preciso dizer, preciso escrever, preciso tornar do mundo o que é só meu. Mas as linhas se mostram tênues. Não há começo, meio e fim. Não consigo reorganizar as vírgulas, não consigo definir travessões, não consigo concluir minhas próprias travessias.
Inicio.
Começo arriscando uma palavra qualquer. Ou melhor, arrisco a palavra que sempre dói mais, que sempre pulsa mais, que sempre grita mais alto aqui do lado de dentro. É amor, sempre. Nas mais diversas formas de ser: amor-amor, desamor, ciúme, ódio, desejos, entranhas e querer bem. O amor é sempre o primeiro que sufoca, devido a imensidão do seu tamanho. Pulsa. E machuca, quase sempre. Sendo ele bom ou ruim, guardar o amor só para si sempre magoa.
Então sento. E escrevo. E ponho todo o amor para fora. A folha se enche de linhas desconexas, as entrelinhas dizem mais e a brancura fica borrada de grafite.
E então…
Passa.
Tai um texto no qual me vi representada…belo trabalho!