Imagem de capa: Lolostock, Shutterstock
Cada novo pensamento é como uma pequena tempestade elétrica percorrendo o nosso cérebro. Ninguém nunca o viu, mas o seu poder é infinito: são eles que moldam a forma como vemos o mundo, eles que em um dado momento nos animam com uma emoção renovadora, pronta para transformar a nossa realidade.
Atualmente continuam abundando, quase em excesso, todos esses títulos que nos encorajam a aumentar o poder da nossa mente ou a nos “tornarmos mais inteligentes” fazendo uso de uma linha mais esotérica e pouco científica. Esquecem, talvez, que a neurociência já nos oferece maravilhosas respostas e novas perspectivas para compreender muito melhor esses singulares mecanismos que regem o cérebro.
“A realidade é somente uma percepção, mesmo que muito persistente.”
-Albert Einstein-
Termos como a neurogênese ou a neuroplasticidade implicaram um grande avanço em relação à época em que pensava-se que o cérebro adulto não gerava novas células nervosas depois de certa idade. Nossos pensamentos são uma arma de poder inquestionável, são eles que criam novas pontes, eles que geram novas conexões reorientando o mapa das nossas emoções, ou a manivela que dá início ao maravilhoso filme das nossas vidas.
O pensamento que “fabrica” a sua própria realidade
Graças ao constante avanço das técnicas de diagnóstico, como as tomografias computadorizadas, foram feitos grandes avanços na compreensão do funcionamento cerebral. Um dos mais interessantes é saber finalmente como se administram os pensamentos. Vejamos um exemplo: quando olhamos para uma bola de cor vermelha e a retina capta cada característica, a informação viaja por estruturas como o núcleo geniculado, o corpo estriado, etc.
Bom, se agora fecharmos os olhos e alguém nos disser para pensarmos em uma bola cor vermelha, por mais surpreendente que possa parecer, o cérebro ativará exatamente as mesmas estruturas. Isto é, o cérebro reflete a mesma atividade quando vê e quando sente. Esta informação tão surpreendente fez toda a comunidade científica e nós mesmos nos indagarmos a mesma pergunta: se para o cérebro não existe diferença entre o que se vê e o que se imagina… qual é a nossa verdadeira realidade?
Aqui sem dúvida entraria todo o campo relativo ao conceito de mente quântica, mas vamos pular este tema para ficarmos com aspectos mais úteis, mais reais. Nossa realidade é feita por algo tão simples quanto poderoso: nossas emoções, ali onde os pensamentos são os verdadeiros catalisadores. Para compreender isto melhor vamos nos aprofundar em uma série de aspectos básicos.
O que são os pensamentos de verdade?
Um pensamento é simplesmente uma fórmula química específica acompanhada de um impulso elétrico. Tão triste quanto isso, mas ao mesmo tempo fascinante. Cada vez que pensamos alguma coisa, nossas células nervosas se conectam através das fissuras sinápticas descarregando um tipo de bioquímica especifica.
– Sabemos que os pensamentos são geradores de emoções. Quando eles mandam uma mensagem, é o hipocampo que se encarrega de traduzi-los descarregando uma série de neuropeptídeos através da glândula pituitária. Em seguida, estes neuropeptídeos são liberados no sangue desencadeando uma serie de reações.
– Pouco a pouco pode acontecer o seguinte: se o cérebro está habituado a receber um tipo de padrão emocional determinado, pode acabar criando hábitos de pensamento. É o que acontece, por exemplo, com o estresse: às vezes ficamos tão sujeitos a uma determinada emoção (o medo) que perdemos o controle, avançando dia a dia por um tipo de realidade onde não nos sentimos identificados.
Que tipo de realidade você prefere?
Não se trata de ser “mais inteligente”, de aspirar a ter um maior coeficiente intelectual da noite para o dia. Trata-se, simplesmente, de ser capaz de criar uma realidade que se adeque a nossas necessidades, a nossas características particulares e a nosso pleno direito de ser mais feliz.
“A realidade sempre está aí, o que conta é a sua percepção.”
-Diego Dillenberg-
Para consegui-la, precisamos primeiramente ganhar consciência de um aspecto: a nossa realidade é influenciada pelo nosso próprio estado de ânimo, o peso de nossas lembranças, nossas interpretações e pensamentos. Existem pessoas que caminham pelo mundo com uma visão de túnel, onde a sua realidade é tão estreita que são incapazes de intuir todas as maravilhosas possibilidades que as rodeiam.
Precisamos aprender a enxergar o mundo em perspectiva e a cores, criar uma realidade mais ampla. Vejamos como.
Nossos pensamentos e a neurogênese
A neurogênese faz referência à nossa capacidade natural de gerar novas células nervosas. Se em 1928 Santiago Ramón y Cajal afirmou que “tudo pode morrer, nada pode se regenerar”, atualmente o seu enunciado vem abaixo se focarmos no cérebro humano, nesse fabuloso arquiteto da nossa realidade.
-É preciso lembrar em primeiro lugar que o maior inimigo para o nosso cérebro é o estresse. Tanto é assim que ele muda a sua estrutura interna, reduz a conectividade neurológica e inclusive o volume do hipocampo.
– Precisamos ser gestores do nosso próprio mundo emocional e relembrar que os pensamentos são os responsáveis por orquestrá-lo. Uma forma de conseguir isto é através das seguintes perguntas: Como quero me sentir? Como me sinto agora? O que me preocupa? O que posso fazer para resolvê-lo?
– Um diálogo interior firme, valente e otimista pode nos ajudar a canalizar muitos desses pensamentos negativos.
– Lembre-se também de que o exercício físico é uma forma sensacional de favorecer a neurogênese. Não apenas oxigena o cérebro, mas além disso, graças às endorfinas, acalma o estresse e gera novas células nervosas.
– Outra forma de gerar novos pensamentos é mudando de hábitos. Quebrar rotinas, entrar em novos cenários, praticar novos passatempos ou conhecer gente estimulante são coisas muito reconfortantes para o cérebro e para o nosso humor.
Por fim, não podemos esquecer os grandes efeitos da meditação para o cérebro. Esta prática de equilíbrio entre a mente e o corpo tem efeitos maravilhosos no nosso mundo emocional, favorecendo inclusive as ondas alfa e gama, as quais criam uma maior conectividade neurológica.
Sejamos arquitetos da nossa realidade, lembrando que não existem pensamentos neutros, todos são capazes de criar algo especial. Depende de nós que isto seja maravilhoso.
Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa