Imagem de capa: Amor à Distância (2010) – Dir. Nanette Burstein
Se decido por um amor a dois é porque entendo o bem que isso possa me trazer. Não tenho nenhuma felicidade em viver vidas totalmente separadas, com cada um no seu quadrado, já que o objetivo do amor é somar vontades e planos. Quem fica junto, sente saudade. Quem fica distante, sente adeus.
Esse papinho de vou pra cá e você vai pra lá, não cola nem em feriado de Finados. Claro, ninguém é obrigado a estar, o tempo todo, compartilhando das mesmas saídas, das maratonas na Netflix ou daqueles churrascos em família. Mas deve haver um bom senso entre o que podemos viver em conjunto com aquilo que, por vezes, passamos individualmente. Afinal, ambos escolhemos o nosso amor. Ele não caiu assim, desesperadamente, no colo de nenhum dos dois.
E não adianta vir pedindo desculpas e tentando explicar a agenda cheia, os programas que não batem e outras conversas sobre gostos diferentes. Tudo isso foi exposto desde o começo, acredito. Também não estou apontando reclamações e, muito menos, fazendo um dramalhão sobre liberdades. Mas pera lá, onde já se viu um relacionamento funcionar na base do vamos ver se encaixa? Não sabia que as relações amorosas tinham sido transformadas em jogos de tabuleiro.
O amor requer paciência, mas muito mais consequência. É para ser suave e caótico ao mesmo tempo. Temperado e agitado. Doce e meio amargo. Aceitar o comodismo é cilada e antes que perceba, acabou. Porque não preciso me arrumar com alguém pura e simplesmente para transparecer estabilidade e segurança no coração. Dá preguiça só de imaginar passar por esse longo processo somente para escapar das indagações feitas pelas tias nas festas de fim de ano.
Amor mais do mesmo? Tô fora. Não sei fingir um relacionamento. Quero, sem carências líquidas, a simples sorte de esbarrar em alguém que saiba fazer um amor fora da curva, fora desse círculo de gente sem graça e contente com qualquer declaração e montagem filtrada.