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“Minha alma é como um pastor, conhece o vento e o sol e anda pela mão das Estações a seguir e olhar”. (Alberto Caeiro)
E se eu lhe fizesse um convite para passearmos? Para lugar algum, mas onde possamos deixar nossos trajes de tristezas e acessórios sentimentais descartáveis ao vento, restando apenas corpos munidos de corações gentilmente cedidos à vontade de caminhar.
Minha alma há muito já não mede esforços pela destreza das simplicidades. Nas urgências interligadas do tanto que se é contemplado, o simples gesto de percorrer ruas, avenidas e todo o quadro condizente com o cenário urbano, corpo e coração buscam delinear novos percursos diante da mesma vista. Mas o ponto é diferente.
Dentre tantas cores e rostos reconhecíveis, estações sublinham diferentes formas e viveres, e correções, pouco importam quando se quer caminhar para lugar nenhum. O ímpar reside no desprendimento do destino. É seguir a estrada rumo ao nada. Deslocar os pés somente após o coração dar um passo à frente. Não conter-se.
Por isso o passeio, para entrelaçar mãos e dar vida às sensações almejadas. Basta seguir e olhar com o ímpeto e o carinho de quem já não pode mais ficar estagnado no mesmo lugar. No mesmo tempo. Porque aceitar os laços invisíveis e submeter-se àquilo outrora estabelecido, é perda de beleza, de viver.
O convite permanece de pé. Avistando e entregando-se para os prazeres urgentes da poesia e da boemia dos corações itinerantes. Vou sair pra passear. Você vem?