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Só vingam os amores que nascem pelas costas, longe dos olhos, longe da atenção. Só vingam os amores esquecidos, que brotaram de uma semente cuspida pela boca num terreno baldio. Só vingam os amores abandonados, longe das janelas, longe da materna presença. Só vingam os amores náufragos, sobreviventes, órfãos, enviesados, sinuosos, crescendo tortos à procura de alguma luz. Enraizados no vento, a produzir seiva de uma fantasia, de uma lembrança. Só vingam os amores desencontrados, que passam uma vida sem se consumir, que morrem intactos, enrijecidos, nutridos pela vontade. E morrem velhos porque não se gastaram. Só vingam os amores proibidos, distantes, estrangeiros, desconhecidos e cegos.
Só vingam os amores descuidados.