Imagem de capa: Kamil Macniak, Shutterstock
Quando você se foi, eu achei que morreria. Quando você se despediu, eu achei que fosse uma brincadeira e custei acreditar. O dia amanhecia, eu não conseguia sair do quarto e, nossa, como tudo aquilo doía.
Olhava para o celular esperando alguma mensagem sua e a saudade me visitava todos os dias, de um jeito avassalador. Eu achei que não iria suportar vê-lo novamente e que meu coração ficaria em pedaços – impossível torná-lo inteiro novamente.
Eu achei que iria desmoronar e que não iria mais conseguir acreditar em nada e nem em ninguém mais, afinal, você prometera que ficaria pra sempre. O melhor abraço se foi, o meu sorriso no final do dia cansado já não estava mais ali e, aos poucos, fui aprendendo a lidar com a sua ausência. Com a sua partida.
Você se foi sem ao menos me dizer os porquês, aquelas suas falas clichês só machucaram ainda mais o meu coração. Você disse adeus com desculpas que não são verdades. Não suportava ouvir alguém dizer o quanto você falava sobre mim, de como sou uma pessoa incrível e que merecia alguém melhor. Nossa, meu coração ficou em pedaços. Quem ama entrega os pontos? Joga nos braços do outro como quem não quer fazer o menor esforço para ficar?
Eu desmoronei, mas não morri; eu deixei de acreditar, mas é por pouco tempo, eu sei. A gente demora para se recompor dos versos, das cartas, das mensagens e das histórias que criamos a dois. Eu não vou esbanjar felicidade e sair por ai postando fotos como quem está feliz, mas também não vou me esconder e deixar de viver. Por mais que seja difícil, a gente não pode entregar os pontos por alguém que não quis ficar.
Eu só queria dizer que sinto muito, não por mim, por você. Mas eu entendo que nem todo mundo consegue segurar um coração inteiro com as duas mãos. Nem todo mundo consegue não deixar escapar pelos dedos quando ele pulsa. Nem todo mundo consegue não quebrá-lo e entregá-lo ao outro em pedaços.
Eu compreendo que nem todo mundo consegue ver o que tem em suas mãos e, por bobeira, deixa escapar, achando ser sem valor. Por um tempo, eu acreditei que você cuidaria do meu coração; por um tempo, achei que nunca o devolveria em pedaços; por um tempo, eu lhe entreguei. Quando você se foi, eu percebi o quanto sou forte, o quanto eu mereço alguém que cuide do meu coração, assim como eu tentei cuidar do seu, e que, ao invés de me dizer que mereço uma pessoa melhor, faça de tudo para ser esse alguém.
Não quero e nem preciso de alguém que me entregue nos braços de outro e ainda diga que isso é amor. Se eu pudesse lhe dar um conselho hoje, seria exatamente assim: “Não brinque com um coração que lhe seria dado por inteiro sem pensar duas vezes; não brinque com um coração que dispara feito um atleta em plena corrida, apenas por ver o seu sorriso.”
Hoje, eu vejo que você segurou um coração inteiro com apenas uma mão e, não podendo conter suas pulsões, esmagou-o, na tentativa de segurá-lo. Típico de um amador. Típico de quem não sabe amar.