Imagem de capa: chainarong06, Shutterstock
Nem todo dinheiro do mundo me faria reviver a minha adolescência. E perceba, eu fui adolescente antes de bullying ter nome, de tão feio que era. Isso considerando que eu era uma privilegiada – magra, branca, classe média, com nenhum atributo aparente para tornar-se foco de um ataque. Ainda assim, adolescentes sabem ser cruéis. Já tive a cara toda rabiscada por um grupo de garotas mais velhas porque eu era “metida à bonitona”. Chorava no ônibus na volta da escola técnica porque a galera cantava em coro que eu era “a patricinha”. Ninguém escapa ileso de cometer e sofrer algum tipo de pressão, durante estes que são os anos em que nos provamos ou divertimos a custa dos outros.
Na Netflix, o diálogo sobre bullying e abuso (de todo tipo) foi provocado pela série 13 Reasons Why. O drama descreve as desventuras da personagem Hannah, e a série de eventos que resultaram no fim trágico de sua vida (spoiler nenhum,ta? Esse desfecho está bem claro desde o primeiro episódio). Dentre as críticas recebidas, a maioria decaiu sobre os riscos promovidos pelos gatilhos presentes na série, a falta de profundidade do assunto, e a ética envolvida na temática suicídio. Nos elogios, a maioria surge em razão do alerta ao assunto, da quebra de um tabu, e a chamada ao diálogo. De qualquer forma, e independe da opinião de quem assiste, uma reação é certa: uma retrospectiva de nossos anos mais jovens e a análise dolorida de nossas atitudes.
Coincidentemente ou não, a pauta pegou ainda mais corpo com a crescente aderência de adolescentes ao arriscado jogo da Baleia Azul – um desafio de 50 tarefas, em que a última instiga o participante a tirar a própria vida. Com o aumento de casos de depressão, a realidade fértil ao bullying, e a propensão aos games, adolescentes viram alvos fáceis da glamorização do sofrimento e da ideia de que não existe outra saída que não a morte. Infelizmente, como o própria historia da personagem Hannah nos faz entender, perceber os sinais de que um jovem precisa de ajuda não é algo tão simples. A busca pela independência e reclusão própria da adolescência, colabora para que pais e amigos não percebam a existência de um possível sofrimento crescente, o que dificulta o acesso a ajuda. O diálogo aberto, a observação próxima do comportamento, assim como o apoio e carinho ainda seguem sendo as recomendação mais eficazes sugeridas por especialistas.
Mas outra solução me ocorre. Talvez o maior antídoto para o bullying, o sofrimento e as perdas, seja criarmos crianças e adolescentes educadas para ter carinho ao próximo. E aqui sem hipocrisia – eu mesma já pratiquei bullying, e tive uma ótima educação em casa. Penso entretanto, que promovendo cada vez mais a empatia desde cedo (e não apenas a quem amamos, mas a quem pudermos), possamos ter maiores chances de uma sociedade colaborativa e fraternal. Uma utopia? Talvez, mas gosto da ideia de que seremos cada vez melhores com o coleguinha do lado. Sendo adultos mais gentis, e educando pelo exemplo. Uma boa ideia para começar pode ser a aderência a positividade, promovida pela iniciativa Baleia Rosa. Ao contrário do jogo Baleia Azul, a versão rosa é um game que sugere 50 ações de valorização a vida. Dicas como agradecer, elogiar a si próprio e perdoar são algumas das tarefas dos participantes.
Já pensou? Incluir 50 atividades promovendo a positividade e o amor ao próximo no nosso dia a dia? Talvez eu seja apenas uma sonhadora… Mas em tempos cada vez mais escuros, eu gosto de acreditar que viveremos dias mais cor de rosa.
E por falar em positividade, obrigada por você estar aqui! Você é importante.
Fim da sessão
Amei, estão de parabens!